Se você ficou órfão de “Peaky Blinders”, não deixe de ver essa série parecidíssima que está na Netflix Divulgação / Netflix

Se você ficou órfão de “Peaky Blinders”, não deixe de ver essa série parecidíssima que está na Netflix

A Oktoberfest é a festa alemã mais conhecida no mundo e celebrada em diversos países. Mas a original nasceu em 1810, em Munique. Ela aconteceu para celebrar o casamento do príncipe Luis 1 da Bavieva com Teresa da Saxônia e Hildburghausen e, desde então, se tornou uma tradição na cidade. A pandemia de Covid-19 foi uma das raras ocasiões em que a festa não ocorreu. A minissérie alemã “Oktoberfest: Sangue e Cerveja” vem para reforçar as lendas e tradições em torno deste evento.

O protagonista da história é Curt Prank (Misel Maticevic), um empresário de Nuremberg com um passado obscuro e muita sede de poder. Cervejeiro, ele se muda para o único lugar possível na Alemanha para expandir e transcender seus negócios: Munique. É na cidade que ocorre anualmente a famosa Oktoberfest, que atrai milhares de pessoas de todo país. Mesmo assim, se estabelecer naquele mercado e naquela feira não será algo fácil, mesmo para alguém bem-sucedido e bem-relacionado como Prank.  Como o círculo cervejeiro é bastante exclusivo e fechado, o empresário de Nuremberg precisa ultrapassar os limites da lei, ética e moral para conseguir o que quer. E é assim, com mortes, subornos, chantagens e outros tipos de corrupção que ele consegue se infiltrar no mercado e na Oktoberfest.

O intuito de Prank não é só expandir seus negócios, mas revolucionar a festa tradicional de Munique. Naqueles tempos, o evento consistia em uma feira com banquinhas de madeiras construídas por locais, onde os empresários faziam suas exposições e comércios de cervejas. No entanto, Prank decidiu que iria construir um verdadeiro castelo de madeira, onde colocaria pelo menos seis mil visitantes. Sua criação iria da um novo vigor à Oktoberfest e trazer muito mais turistas para Munique.

E, claro, sua ideia não é bem-recebida e gera indignação e rivalidade com outros cervejeiros da cidade, principalmente com o patriarca dos Hoflinger (Francis Fulton-Smith). A inimizade trará consequências sangrentas para ambas as famílias, Mas complicações ainda maiores ocorrem quando o filho mais velho do homem, Roman (Klaus Steinbacher), se envolve romanticamente com a filha de Prank, Clara (Mercedes Müller).

Embora a história da série não tenha ocorrido de verdade, Prank é inspirado em George Lang, um empresário real que revolucionou a Oktoberfest e, assim como o protagonista da série, teve de usar métodos pouco ortodoxos para conseguir penetrar a sociedade cervejeira de Munique.

A fotografia de “Oktoberfest: Sangue e Cerveja” se assemelha muito, assim como o estilo de contar a história e a época em que se passa, com “Peaky Blinders”. Não é difícil de imaginar que a bem-sucedida série britânica tenha servido de inspiração para a alemã. A fotografia de Felix Cramer segue o mesmo visual contrastado e enevoado, que se aproveita principalmente das ruas de pedras durante a noite para criar ares de muito mistério e tensão, além de ambientar suas cenas de violência.

E se você espera ver parte do elenco em ‘lederhosen’, aquelas roupas típicas da festa, pode tirar isso da mente. Elas só passaram a ser usadas na década de 1960. Antes disso, os visitantes da feira usavam as roupas comuns e formais do início do século, como coletes e blazers e vestidos longos. Apesar disso, Munique tinha uma vida noturna bastante animada no início do século 20, cheia de boemia e extravagância.

Talvez o principal problema de “Oktoberfest: Sangue e Cerveja” seja não conseguir transformar seu Prank em Thomas Shelby, que apesar de frio e calculista, tem lá seu charme e carisma. Na alemã, não sentimos tanto apego por seus personagens. É a falta de personagens mais interessantes que não a torna tão grande. Mesmo assim, “Oktoberfest” é uma série que vai satisfazer bem fãs de séries de gângsteres.


Série: Oktoberfest — Sangue e Cerveja
Direção: Hannu Salonen
Ano: 2020
Gênero: Violência / Crime
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.