Para reunir as crianças na sala: filme emocionante e cheio de doçura acaba de chegar à Netflix Divulgação/ Endurance Media

Para reunir as crianças na sala: filme emocionante e cheio de doçura acaba de chegar à Netflix

Roteirista dos maiores sucessos da Disney, Brenda Chapman esteve por trás de clássicos como “A Bela e a Fera”, “O Rei Leão” e “Valente”.  Em “Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos”, ela assume a direção de um live-action pela primeira vez, regendo as filmagens do roteiro de Marissa Kate Goodhill. Mas o filme lançado em 2020 sofreu alguns percalços. Primeiro, porque seu lançamento coincidiu com a pandemia de Covid-19 e, segundo, porque o filme sofreu duros ataques racistas de usuários do IMDb, que combinaram de o avaliar mal, antes mesmo de seu lançamento, porque o filme retrata os personagens de contos de fadas, Peter Pan e Alice, como crianças negras.

Em entrevista, Chapman contou ter ficado extremamente decepcionada com os ataques e afirmou que acreditava que as pessoas já tivessem superado esse tipo de fanatismo. A diretora ainda reforçou que seu sonho era trabalhar com David Oyelowo, não por motivos políticos, mas pelo enorme talento do ator nas telas. Após impasses, ela finalmente conseguiu trazê-lo para a produção e ele, por sua vez, teve a ideia de convidar Jolie para integrar o elenco. Afinal, ninguém para entender melhor de família multirracial que ela.

A infância é uma fase mágica da vida, onde nossa imaginação nos transporta para lugares fantásticos e nos faz enxergar o mundo como um lugar de infinitas possibilidades. Nada parece impossível para uma criança. As limitações só existem depois que nos tornamos adultos e começamos a racionalizar demais e esquecer dos nossos sonhos. Tudo bem, temos muitas responsabilidades e ter os pés no chão é fundamental para cuidarmos de quem precisa de nós. Mas foram inspirados pelas emocionantes aventuras criadas nas mentes infantis que James Matthew Barry e Lewis Carroll criaram os universos fascinantes de “Peter Pan” e “Alice no País das Maravilhas”.

“Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos” é uma história paralela, que une os dois contos de fadas. Neste filme, ambientado aparentemente no início do século 20, David (Reece Yates), Peter (Jordan A. Nash) e Alice (Keira Chansa) são filhos do casal interracial Jack (David Oyelowo) e Rose Littleton (Angelina Jolie). A família mora em uma casa rústica e próxima da floresta, nos arredores de Londres. Os dias naquele lugar parecem mágicos e o ambiente é propício para que as crianças soltem sua imaginação durante suas brincadeiras e aproveitem o melhor da infância. David, o mais velho do trio, é um garoto brilhante, que consegue ingressar em uma escola de elite. No entanto, durante uma de suas brincadeiras com o irmão, ele acaba caindo e se afogando em um lago nas proximidades de casa.

A morte do primogênito deixa a família despedaçada. Jack, um ex-viciado em jogos, volta a apostar e a perder dinheiro; Rose se afunda em depressão e só encontra fuga na bebida. Para Peter e Alice só resta mergulhar em suas imaginações para escapar para universos onde as coisas são menos duras e pesadas. Então, Peter começa a imaginar os Garotos Perdidos da Terra do Nunca. Durante suas brincadeiras, os novos amigos o nomeiam líder e afirmam que ninguém tem tanto pó de fada quanto ele, o menino que não quer crescer. Já Alice adora solucionar enigmas, entra na toca do coelho e se imagina minúscula em um mundo onde os objetos são gigantes.

O filme é o retrato perfeito de como as crianças possuem uma incrível resiliência e senso de adaptação. Como elas são capazes de se transformar e mudar o mundo em que vivem, por meio da imaginação, para sobreviverem. Os traumas vividos por Peter e Alice os impulsionam a usar sua criatividade para tornar o ambiente em que estão em um lugar menos inseguro e tóxico.

“Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos” é um filme para toda a família e que, com certeza, vai emocionar pessoas de todas as idades.


Filme: Alice e Peter: Onde Nascem os Sonhos
Direção: Brenda Chapman
Ano: 2020
Gênero: Drama/Fantasia/Aventura
Nota: 7/10

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.