Com direção de Kim Farrant e roteiro de Sarah Alderson, “Naquele Fim de Semana” é um suspense que narra o desaparecimento de uma mulher na Croácia. A atriz Leighton Meester, conhecida por interpretar Blair na série “Gossip Girl”, aqui é Beth, uma mãe de família que é convidada pela amiga Kate (Christina Wolfe) para passar um final de semana luxuoso e de aventuras na Europa. Após uma noite de farra e bebedeiras, Beth acorda e não encontra Kate no apartamento em que estão hospedadas.
Após algumas horas sem notícias da amiga, e ao encontrar vestígios de sangue pelo lugar, Beth decide ir à polícia. Lá, ela é atendida pelo investigador Pavic (Amar Bukvic), um homem sarcástico e áspero que minimiza a angústia de Beth e o desaparecimento de Kate. Sem interesse em registrar o desaparecimento da mulher, ele trata o caso com desprezo. Então, Beth decide investigar por conta própria, com ajuda do taxista muçulmano Zain (Ziad Bakri).
Beth, que não se lembra de muita coisa da noite anterior, acredita ter sido drogada. Logo a polícia encontra o corpo de Kate boiando no mar e começa a tratar o caso com a devida seriedade. O problema é que o depoimento de Beth é cheio de lacunas e inconsistências e, aos poucos, as evidências vão a colocando contra a amiga.
Ao longo do filme, todos os personagens centrais vão se tornando suspeitos. Alderson tenta construir essa narrativa como um enredo de Agatha Christie, em que todos os nomes da história estão ligados à vítima de alguma forma e têm motivos para desejar sua morte. Leighton Meester dá o seu melhor para tornar esse potboiler ainda mais angustiante e aterrorizante, mas há alguns pontos cruciais nesta trama em que a direção pareceu meio perdida na hora de executar.
Há muitos plot twists nesta história, o que segura, até certo ponto, a atenção do espectador. Apesar disso, o final é previsível. Mas a previsibilidade dessa história não é seu ponto fraco. Nunca foi em filme nenhum, mas a forma como é conduzido até seu desfecho. Farrant não soube direcionar muito bem as atuações, de forma a tornar algumas situações convincentes o bastante. Em alguns momentos, o espectador sente que sua inteligência está sendo subestimada.
Mas o filme tem suas qualidades. A principal delas é o ponto de vista. Ele parte de uma perspectiva feminina e que está sendo constantemente invalidada. Isso é uma das coisas que mais provoca ansiedade no espectador. A forma como a narrativa de Beth é constantemente colocada em dúvidas, como se ela não fosse confiável. E não é. Afinal, ela não estava em plena consciência no dia do desaparecimento da amiga. Mas a forma como ela sofre com o machismo estrutural, que considera que ela e a amiga foram culpadas por qualquer coisa que tenha acontecido, porque estavam bêbadas e drogadas, não é incomum. As vítimas mulheres constantemente são invalidadas por comportamentos que jamais seriam questionados em homens. Além disso, há a curiosidade do espectador em descobrir, junto com Beth, os motivos de cada personagem fazer o que faz e ser suspeito do crime.
Título: Naquele Fim de Semana
Direção: Kim Farrant
Ano: 2022
Gênero: Drama/Policial/Suspense
Nota: 6/10