Segunda-feira, dor de cotovelo, dor de amor, dor de corno — com o perdão do palavrão —, falta de grana, doença na família, espinhela caída, mau olhado, quebranto… Quando vem aquela vibe ruim, o olho ficando rasinho, aquela vontade incontrolável de chorar, chore, chore mesmo, sem medo de ser ou parecer infeliz ou fraco. Se se importar muito com a opinião alheia, chore na cama quentinha, debaixo das cobertas, com as luzes todas apagadas, mas chore. Só as pedras não sofrem e só a bailarina daquela música não passa perrengue. Tem horas que tudo o que a gente quer é gritar. Forte, alto. Aliviar aquele aperto no coração, para ver se conseguimos acordar no dia seguinte. Todo mundo se vê em palpos de aranha de vez em quando — alguns mais do que outros. Em que pese viver numa sociedade extremamente violenta, num mundo cada vez mais individualista em que valores antes fundamentais a fim de se primar pela boa convivência restam completamente distorcidos e superados, temos toda a sorte de problemas. Levantar da cama e ganhar o mundo às vezes já um desafio quase inexpugnável. Ter problemas é normal — e todos os temos. Encontrar a solução para eles é que é… o x do problema. Aqui na Bula, você já sabe, temos a solução fácil para todas as questões, inclusive as difíceis. Sem querer simplificar o que simplesmente não pode ser simplificado, o cinema talvez não tenha a chave para escancarar todos os mistérios do homem, mas ao menos nos oferece boas pistas.
Crítica de teor social, ainda que diluído, em “A Incrível História da Ilha das Rosas” o diretor Sydney Sibilia traz a história verídica do engenheiro Giorgio Rosa, cujos tédio — e indignação — o impelem a fundar uma ilha no litoral da Itália. A ilha é declarada por ele nação independente, o que logo atrai a curiosidade mundial. O governo italiano responde à altura, a ilha e seu patriarca passam à condição de inimigos públicos do país, mas ele segue firme em seu propósito: na Ilha das Rosas a única forma de governo é a aspiração por um mundo melhor, utopia para ele absolutamente possível, embora para tantos o caos seja mesmo quem deve governar com mãos de ferro a humanidade.
Henry Cole é um virtuose do piano que devotou a vida à carreira. Cole nunca tivera problemas com sua natureza de verdadeira obsessão pelo trabalho, sempre em busca da performance irretocável, mas a morte da mulher o abala especialmente e ele decide interromper suas apresentações. Oscilando entre a vontade de retomar o que faz de melhor na vida e às implacáveis crises de ansiedade, o pianista conhece Helen Morrison, jornalista da revista “The New Yorker” cuja admiração rapidamente dá lugar a um afeto maior, a que Cole não pode corresponder, mas que é imprescindível quanto a retornar aos palcos e retomar sua história, ainda que nada volte a ser como antes.
Um homem de coragem, que não se verga aos desmandos dos poderosos, muito menos quando sabe que está certo. Este é o neuropatologista forense Bennet Omalu. Completamente devotado à carreira e a seus estudos, ao atender um jogador de futebol americano em ascensão, o doutor Omalu identifica no atleta um distúrbio neurológico grave. Investiga melhor o caso e chega à conclusão de que o evento se dá em frequência muito maior do que se supunha, justamente por causa da natureza violenta do esporte. Ao apresentar sua descoberta para a imprensa e determinado a combater a expediente agressivo nos campos, Bennet Omalu passa a ser alvo da NFL, a influente associação nacional de futebol americano.
Gil passa as férias em Paris com a noiva Inez e a família dela. É na Cidade Luz que esse roteirista de Hollywood se reabastece das mais finas iguarias da arte e esquece um pouco o trabalho frustrante de escrever as histórias tolas dos enlatados americanos. Ao flanar pelas ruas e esquinas parisienses, depara com estranhos personagens como que desembarcados dos anos 1920, a belle époque da França. Ele percebe que algo de muito inusitado está acontecendo e acaba tendo a oportunidade de também viajar no tempo.
Neste campeão de bilheteria, Will Smith é Chris Gardner, a personificação do loser, o perdedor segundo os padrões do estilo de vida americano. A mulher não segura a barra de estarem sempre cronicamente duros — a ponto de não conseguirem honrar as prestações da casa e do carro — e cai fora. Para comprovar em caráter irrefutável que a tal lei de Murphy não perdoa, ele vai investir suas parcas economias em scanners ósseos, que logo caem em desuso. Mas lhe restaram o mais importante: o sonho e o filhinho de cinco anos.