Tudo quanto pode haver de barulhento, de antiestético, de tumultuoso, de caótico numa guerra, é cristalizado na potência das imagens e dos movimentos de “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles”, pouco mais que uma brincadeira velada sobre a pujança dos Estados Unidos — e mais precisamente de Hollywood. Experiente no riscado, Jonathan Liebesman tem um jeito bastante próprio de tratar com a paranoia americana favorita, juntando num caldeirão já muito cheio dos lugares-comuns desse subgênero alguns elementos que ora evidenciam a natureza mítica (e mística) dessas histórias, ora refutam com veemência a menor semelhança que possa ter para com outras produções desse nicho, num sobe e desce de tensão que desnorteia em vários momentos, de propósito e sem nunca deixar o filme de lado.
Boston e San Francisco são atacadas sem pena por agressores desconhecidos na introdução, mas o roteiro de Christopher Bertolini, por razões óbvias, poupa Los Angeles. Em Camp Pendleton, uma área militar em San Onofre Beach, parque estadual no condado de San Diego, na Califórnia, já certos de que o perigo ronda a vizinhança, militares submetem-se a um treinamento rigoroso, e Michael Nantz, o sargento linha-dura vivido por Aaron Eckhart, tenta manter elevado o moral da tropa de fuzileiros navais destacada para combater a nova ameaça. Antes que tudo comece a entrar em parafuso, o cabo Kevin Harris, personagem de Ne-Yo, se organiza para casar-se com a noiva, Cherise, de Brandi Coleman, nas próximas duas semanas — ainda que tenha de pagar trezentos dólares por um arranjo de lírios. Essas minudências aparentemente insignificantes dão à história o necessário contrapeso até que o filme desague num pandemônio de rajadas de metralhadora que tentam debalde exterminar os alienígenas que do segundo ato em diante infestam e infernizam o dia a dia monotonamente violento dos soldados, em que pese surgir um ou outro cão abandonado para reavivar-lhes a humanidade latente.
Por óbvio, há muito de sugestão, de metáfora, de simbolismo em se levar um enredo sobre ofensivas de extraterrestres a uma cidade que vive do sonho, do inverossímil, do fantástico, e Liebesman faz ótimo uso do gancho. Passagens entre ligeiras e reveladoras, como a de Nantz lendo um versículo bíblico sobre Cristo e a liberdade, ou de guerreiros empenhados, mas batendo cabeça frente a um inimigo que surge sem prévio aviso, ou ainda as inserções de Elena, a tenente de Michelle Rodriguez, a levantar, mesmo que colateralmente, questões de gênero e raça, podem até se diluir em meio à profusão das cenas pródigas de efeitos especiais; isso, porém, só torna “Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles” mais perturbador, malgrado tudo convirja para o mais do mesmo.
Filme: Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles
Direção: Jonathan Liebesman
Ano: 2011
Gêneros: Ficção Científica/Ação
Nota: 8/10