Longa canadense de Ariane Louis-Seize, “Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário“ é uma espécie de conto de fadas gótico que narra a história de Sasha (Sara Montpetit), uma vampira adolescente que, desde criança, tem dificuldade para caçar e sobreviver. Ela conta com a ajuda da família para se alimentar, principalmente do pai, Aurélien (Steve LaPlante), que a superprotege. Agora, prestes a se tornar adulta, é forçada a viver com a prima Denise (Noémie O’Farrell) para aprender a se virar sozinha.
Sasha é uma vampira sensível, que toca teclado e sente profunda empatia por humanos. Vê-los sofrer lhe causa extremo mal-estar. Por isso, caçar não é sua especialidade. No entanto, quando deixa de ser auxiliada pelos pais, precisa encontrar uma forma de se alimentar. É assim que ela procura um grupo de apoio para suicidas, na esperança de encontrar pessoas dispostas a morrer para que ela viva. É quando Paul (Félix-Antoine Bénard) cruza seu caminho.
Vítima de bullying constante dos valentões da escola, introspectivo e um pouco estranho, Paul não quer mais viver. Depois que Sasha explica sua situação, ele prontamente compreende e se oferece como vítima. No entanto, a ausência de julgamento entre eles e a compreensão mútua do que cada um está vivendo e sentindo faz com que se apeguem emocionalmente. Ainda sem coragem para ceifar a vida de Paul, Sasha adia o sacrifício, concedendo-lhe um último desejo. Paul diz que quer se vingar dos valentões, especialmente Henry (Arnaud Vachon).
Eles passam a madrugada procurando os alunos, o professor e a diretora que fizeram mal a Paul, vingando-se de maneiras um tanto quanto infantis. Mas, quando encontram Henry, Paul lhe dá uma mordida na mão, despertando a sede de Sasha. O destino de todos está traçado: Henry, Paul e Sasha.
Com uma atmosfera de fábula, “Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário“ funciona como uma espécie de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain“ sombrio. Com estética gótica, o filme utiliza uma paleta de cores frias para tratar do estranhamento e da solidão dos personagens, além de cenários minimalistas que simbolizam o vazio emocional. As luzes artificiais, especialmente à noite, reforçam a fantasia e a melancolia.
O enredo simboliza o encontro de duas almas que se completam ao preencherem seus vazios. Sasha é extremamente sensível e empática, e precisa que alguém supra sua carência emocional. Já Paul é altruísta e deseja encontrar alguém que receba os sentimentos que tem para doar. Essa união improvável mostra que a dependência mútua pode ser um caminho para o amor.
Com narrativa contida, simples e sincera, o longa gótico traz uma história intimista, levemente temperada com humor e que aquece o coração de um jeito estranhamente doce.
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