Os 7 melhores filmes de 2025 até agora (e que já estão no streaming) Divulgação / Lionsgate

Os 7 melhores filmes de 2025 até agora (e que já estão no streaming)

Quando as estruturas morais parecem fadadas à ruína mais estrondosa, o amor apresenta-se como uma das únicas forças capazes de empreender alguma mudança. Regida pela lógica da economia de mercado e pela idolatria da imagem, a sociedade pós-moderna, a sociedade do cansaço, reduz o valor de tudo e de todos a cifras, status e aparências. Romântico, fraternal ou solidário, o amor persiste, afirmando-se como a recusa à legitimação dos relacionamentos mercadológicos, dos quais os indivíduos precisam sempre tirar alguma vantagem. Ilusões não pagam dívidas, mas o sucesso passa longe de asseverar estabilidade além da material — e às vezes nem isso. O sentimento amoroso dormita em algum escaninho obscuro da mente, implorando por uma oportunidade de provar-se venturoso.

Indivíduos são pressionados a moldar-se de acordo com padrões financeiros e estéticos impostos por uma engrenagem silenciosa, enigmática, mas competente, que exalta aqueles que se enquadram e relegam à segregação mais desumana os que não conseguem acompanhar a manada. Sorrateiramente, a vaidade torna-se um dispositivo por meio do qual podem-se estabelecer novos ídolos, falsos deuses, admiradores incondicionais, fama de vidro. Verdade e mentira amalgamam-se numa poção nauseante e malcheirosa, que enfeitiça os mais desavisados, e o mundo inteiro termina como um pântano de veneno.

Sem sombra de dúvida, uma maneira de escapar às armadilhas da plenitude fajuta é descobrindo-se e aperfeiçoando-se o talento. Essa importância da certeza de se fazer o que se gosta com requintes de perfeição é o que tempera a vida, a sua e a dos outros. Pensadores, artistas, acadêmicos, os empresários conscientes, o trabalhador dedicado, todos têm consigo a chance de tornar o mundo um lugar mais afeito à beleza, ao saber, a uma convivência mais saudável e menos inculto. Nestes tempos sombrios, surgem autoproclamados salvadores em qualquer esquina, e, paradoxalmente, as pessoas estão mais desorientadas — mesmo que não o reconheçam ou sequer deem por tal. A sina do homem é buscar redenção, tapeando a si mesmo com vitórias tolas, que não levam a nada.

Nesta lista figuram sete longas nos quais, de uma maneira ou de outra, essas impressões. São filmes que chegaram à praça no decorrer deste cada vez mais exíguo 2025, e, despretensiosamente, vão suscitando martirizantes dúvidas no espectador. Incorporados ao catálogo da HBO Max, da Netflix e do Prime Video, são histórias que o cinema insiste em contar e insistimos em não absorver. Até quando?

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.