Os 5 melhores filmes de 2025 (até agora) Marina Vancini / Netflix

Os 5 melhores filmes de 2025 (até agora)

Quando amamos, saímos de nós mesmos. Amar é o que faz todo sacrifício valer a pena, todo sofrimento parecer evolução e a mínima chance de gozo transformar-se em plenitude. Entretanto, num mundo que reza pela cartilha profana do capital, o amor muitas vezes fenece, estrangulado pelas mãos cruéis do dinheiro ou, pior, molda-se a seus caprichos. O vil metal aduba milhões de preconceitos, oferecendo mesura aos que exercem o poder e ignorando quem clama por uma oportunidade. Critérios equivocados definem as relações e ergue-se um monumento à negação do amor. Derrubá-lo requer bravura e a lucidez de entender que a vida é mais que acumular patrimônio.

Numa sociedade marcada pela indiferença, afirmar-se é nadar contra a letífera maré do conformismo. Qualquer um já teve a impressão de que em todo o universo não havia espaço para suas ideias ou, por que não?, para seus devaneios, porque viu tudo ocupado por quem pode mais. Reivindicar seu quinhão é dar à vida algum significado, esforçando-se por traduzir e interpretar a mensagem mais valiosa de todas. Cada homem e cada mulher tem o direito e o dever de colocar-se diante do existir de igual para igual, orgulhoso de si mesmo, exercendo a coragem sobre-humana de não combater seus demônios e não desistir.

A vida não é uma estrada reta. Tem desvios, curvas, despenhadeiros. Recorre-se à imagem de um porto seguro para se falar de sucesso, mas ele é a própria instabilidade. A fortuna nunca é perene ou eterna. Quem vive apenas para alcançá-la experimenta um árido vazio quando a conquista. O fracasso, por sua vez, não é um rival absoluto: ele tem o dom de nos humanizar. Mostra que não somos deuses, bestas ou máquinas, mas seres em progresso constante. Fracassar é um convite tentador ao recomeço, ainda que esse convite venha em forma de uma angústia inexplicável. Nesse balanço é que a vida tem razão de ser. Fracasso e doença são ambos mestres impiedosos, mas sábios. Eles aproximam-nos de uma verdade dura, mas tão certa quanto libertadora: ninguém controla nada.

Equilibrando força e delicadeza é que atingimos os meandros mais vis e escuros de nossa alma. Para tanto, há que se recusar o silêncio e verter o caos na ordem possível. Nesta lista figuram cinco produções que reafirmam a essência filosófica do cinema ao remexer emoções, questionando as falsas verdades que se estabeleceram como monólitos que não admitem discrepâncias. São filmes que chegaram à praça no decorrer deste já claudicante 2025, e assim, como se não quisessem nada, manifestam tal potência criativa que ninguém fica-lhes indiferente. Histórias que, sem dúvida, deixam sua marca.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.