Em 1999, M. Night Shyamalan se tornou um cineasta conhecido por causa de seu maior sucesso, “O Sexto Sentido”. O filme, que traz uma reviravolta inquietante, se tornou um fenômeno e foi indicado a nada menos que 6 estatuetas do Oscar, incluindo melhor direção e roteiro original. A fama de Shyamalan se consolidou no ano seguinte, quando lançou “Corpo Fechado”, primeiro da Trilogia Eastrail 177. Ambos os filmes foram reverenciados pela crítica e público, além de terem sido estrelados por Bruce Willis.
Em seguida, no ano de 2002, Shyamalan, com seu nome já consolidado em Hollywood, retornou com “Sinais”, suspense de ficção científica com Mel Gibson e Joaquin Phoenix, que, embora não tenha causado a comoção de seus dois antecessores, ampliou seu currículo no mercado dos suspenses sobrenaturais. O enredo se passa em uma área rural da Pensilvânia, onde o ex-pastor Graham (Gibson) vive com seu irmão Merrill (Phoenix) e os dois filhos, Morgan (Rory Culkin) e Bo (Abigail Breslin). Graham acaba de passar pela perda dolorosa de sua esposa em um acidente de carro e vive de sua fazenda de milho. Rompido com Deus por causa do luto, ele se vê diante de um novo desafio de fé: enfrentar seres misteriosos que têm desenhado formas em sua plantação, adoecido seu cachorro e parecem se aproximar cada vez mais de sua família para fazer o mal.
Inspirado pelos relatos de abduções em áreas rurais nos Estados Unidos e os crop circles, Shyamalan decidiu realizar uma alegoria para retratar o medo e a ansiedade dos americanos pós-ataques de 11 de setembro por meio dessa fábula sci-fi. Se naquele ano a população do país vivia amedrontada, temendo uma possível invasão e intromissão violenta em seu cotidiano, em “Sinais”, o cineasta materializa esse medo do desconhecido através de alienígenas. Graham, que está sem fé, precisa de sinais da existência das coisas que ele não pode ver. Assim, vários sinais, desde o buraco na plantação até um leite derramado, da última fala de sua esposa à doença do filho e outras coincidências, parecem juntar um quebra-cabeça que, montado, explicaria os acontecimentos posteriores.
A construção do medo e da apreensão se dá especialmente porque não vemos com clareza quem são os invasores e, enquanto sua fisionomia e forma permanecem misteriosas para o público, se tornam mais temidas. O final parece desperdiçar toda a sustentação feita por Shyamalan e nos mostra que o filme merecia ter sido melhor lapidado. Os efeitos visuais envelheceram mal e o invasor de outro planeta parece mais cômico que assustador. Apesar desses revezes, o filme não diminui a importância do cineasta como um dos maiores diretores de suspense dos últimos 30 anos. A carreira dele nem sempre foi feita de acertos, mas mantém uma certa estabilidade que preserva seu público fiel.
★★★★★★★★★★