O conceito de “clássico” costuma ser associado a obras antigas, consagradas pelo tempo e pelo consenso da crítica. Mas há algumas produções mais recentes que já alcançaram esse patamar e se tornaram referências culturais, estudadas em cursos de cinema, além de serem vistas e revistas por espectadores que sabem que elas são marcos de suas épocas. Nas três últimas décadas, filmes esteticamente ou narrativamente ousados provaram que a noção de clássico pode ser reinventada.
Temas como o acaso, o desejo, a intimidade, a passagem do tempo e o choque entre os sonhos e a realidade tornam esses filmes experiências cinematográficas que fazem o espectador olhar para dentro de si mesmo e repensar relações humanas, escolhas e vulnerabilidades. Cada vez que você os vêm eles revelam novas camadas, reforçando sua relevância e legitimando o status que conquistaram.
Nessa lista, a Revista Bula selecionou produções que foram lançadas dentro de um período relativamente curto da história do cinema e que já ocupam o imaginário coletivo. Essas obras mostram que o poder do cinema está na capacidade de transformar espectadores, provocar discussões e permanecer vivas no debate cultural.

Quatro personagens se cruzam em Londres em um intrincado jogo de paixões, encontros e traições. Um escritor em busca de reconhecimento se envolve com uma jovem misteriosa, enquanto uma fotógrafa de sucesso inicia um relacionamento com um médico sedutor. Aos poucos, os casais se desfazem e se recombinam, revelando fraquezas, desejos ocultos e uma incapacidade quase inevitável de se manter fiel. As relações se tornam espelhos de vaidade, manipulação e busca por validação, expondo como o amor pode se confundir com poder e destruição. O enredo revela, com crueldade e beleza, a fragilidade dos vínculos humanos.

Nos anos 1970, um adolescente aspirante a jornalista consegue a chance de acompanhar uma banda de rock em ascensão durante uma turnê pelos Estados Unidos. Fascinado pelo universo dos bastidores, ele mergulha em um mundo de excessos, paixões e conflitos de ego. Ao mesmo tempo, precisa conciliar sua busca por autenticidade com a pressão de entregar uma reportagem para uma revista renomada. Em meio a músicos inseguros, groupies carismáticas e a descoberta da própria maturidade, o jovem percebe que viver a música é tão intenso quanto escrevê-la. A jornada é um retrato nostálgico de sonhos, ilusões e amadurecimento.

Um médico nova-iorquino tem sua vida virada do avesso quando descobre fantasias ocultas da esposa, o que desperta nele um mergulho obsessivo em busca de prazer e poder. Movido pela mistura de ciúmes, desejo e insegurança, atravessa a cidade durante noites inquietas e acaba entrando em um círculo secreto, onde máscaras, rituais e orgias expõem o lado mais obscuro do ser humano. Sua jornada alterna momentos de fascínio e perigo, colocando em xeque a fidelidade conjugal, os limites da moralidade e a própria noção de identidade. Entre a vigília e o sonho, sua realidade nunca mais será a mesma.

Num mesmo dia em Los Angeles, múltiplas histórias se entrelaçam, revelando personagens que lidam com ressentimentos, segredos e desejos de reconciliação. Um apresentador de TV doente enfrenta o peso da fama passada, enquanto sua filha busca escapar de um ciclo de autodestruição. Um ex-garoto prodígio tenta se reencontrar com a vida adulta, ao mesmo tempo que um policial solitário procura conexão em meio à rotina. Um guru motivacional carrega rancores familiares, enquanto um homem à beira da morte tenta reparar erros do passado. As narrativas colidem em coincidências improváveis, mostrando como vidas aparentemente isoladas podem compartilhar dores semelhantes.

Durante uma viagem de trem pela Europa, um jovem americano conhece uma estudante francesa, e juntos decidem passar um único dia em Viena antes de seguirem rumos distintos. Entre conversas intensas e caminhadas por ruas históricas, eles compartilham reflexões sobre amor, tempo, vida e destino. Cada instante parece suspenso, carregado de urgência e ternura, pois ambos sabem que sua conexão pode terminar com o nascer do sol. O filme acompanha o florescer de um sentimento que mistura ingenuidade e profundidade, transformando um encontro casual em uma experiência inesquecível, marcada pela efemeridade da juventude.