O existencialismo é pontuado por reflexões sobre liberdade, angústia e busca de sentido em um mundo sem garantias. O cinema, como forma de arte, de expressão e de reflexão fez dessa filosofia um terreno fértil para desenvolver narrativas que fazem o espectador sair da zona de conforto. Nesses filmes, as respostas não vêm mastigadinhas. É preciso usar a inteligência. Personagens que vivem dilemas insolúveis, que são atravessados pela solidão, pelo absurdo e pela necessidade de escolher, ainda que essas escolhas nunca assegurem um desfecho satisfatório.
Explorar essa corrente filosófica não é só acompanhar uma história, mas confrontar com questões reais da vida. A ideia de que a vida é atravessada pelo vazio, mas que ainda somos responsáveis por criar sentido, aparece tanto em enredos sobre fé e transcendência quanto em tramas voltadas para o fracasso cotidiano, a ilusão da fama ou a simples necessidade de continuar vivendo diante do desespero.
Esses filmes não se resumem a entretenimento, mas também servem como espelhos desconfortáveis: o que fazer com a liberdade, com a fé, com a morte ou com a mediocridade? Cada uma dessas respostas nunca é dada, as construída de forma dolorosa e inacabada, como a própria filosofia existencialista. O espectador vai se ver diante de provocações que o obrigam a pensar além do óbvio, conectando-se com filosofias que vai de Kierkegaard a Sartre, de Camus a Simone de Beauvoir.

Nos anos 1960, em Boston, uma jovem leva uma vida sufocante e solitária trabalhando em um centro de detenção juvenil. Isolada em sua rotina opressiva e no silêncio de uma casa dominada por tensões familiares, ela encontra na chegada de uma nova psicóloga um inesperado ponto de virada. A mulher, vibrante e carismática, desperta nela curiosidade, desejo e a sensação de que uma vida diferente pode ser possível. O vínculo entre as duas cresce rapidamente, mas o que começa como uma relação de cumplicidade logo assume contornos mais complexos e perigosos. Conforme segredos vêm à tona, a frágil conexão entre elas é colocada à prova, conduzindo a protagonista a escolhas sombrias que irão definir para sempre seu destino.

Uma enfermeira inglesa viaja até uma pequena aldeia irlandesa do século 19 para acompanhar o caso de uma jovem que afirma viver sem se alimentar, sustentada apenas pela fé. Cética, mas comprometida com sua missão, a profissional se vê diante de um conflito entre ciência e religião, observando como a comunidade transforma a menina em símbolo sagrado. À medida que os dias avançam, segredos começam a surgir, revelando tensões familiares e sociais. Entre crença, manipulação e verdade, resta à enfermeira decidir até que ponto deve intervir para salvar a vida da criança.

Um cientista anuncia ao mundo que conseguiu provar a existência da vida após a morte. O impacto imediato dessa revelação é devastador: milhões de pessoas decidem acabar com a própria vida, acreditando em um destino melhor. No meio desse cenário apocalíptico, um jovem retorna à casa do pai, carregando culpas pessoais e o peso de um passado marcado pela perda. Ao conhecer uma mulher que também guarda cicatrizes emocionais, ele se vê dividido entre a esperança e a dúvida, entre a promessa de algo além da vida e a necessidade de encontrar sentido no presente.

Um ator em decadência, conhecido por ter interpretado um herói nos cinemas, decide montar uma peça na Broadway como forma de resgatar sua relevância artística e pessoal. Pressionado por críticos, colegas de elenco e pelo peso do fracasso iminente, ele mergulha em um processo de autodescoberta marcado por delírios e confrontos internos. Entre a obsessão por reconhecimento e a tentativa de se reinventar, sua mente começa a confundir fantasia e realidade. No limite entre o sucesso e a ruína, ele precisa enfrentar a pergunta essencial: o que significa, afinal, ser alguém?