O catálogo da HBO Max é um dos mais ricos em obras-primas do cinema. Claro, você encontra muitos filmes conhecidos e populares nas bilheterias, mas, sem dúvidas, há um vasto tesouro escondido de diretores renomados em suas prateleiras. Filmes assim ficam à margem do público, já que a maioria está em busca de entretenimento sem profundidade. A Revista Bula selecionou alguns filmes que fogem do óbvio e exploram atmosferas, personagens e dilemas que marcaram a identidade de seus realizadores.
Com essas produções, o espectador terá oportunidade de mergulhar em universos que revelam a ousadia criativa de seus cineasta, mas também o preciosismo visual. É de uma riqueza sem tamanho. Esses filmes ajudaram a consolidar a carreira desses grandes nomes, mas também ampliaram o alcance da arte cinematográfica ao se arriscarem em temáticas pouco convencionais. Seja no retrato cru da marginalidade, na pulsação frenética urbana, nos bastidores da indústria do prazer ou na jornada surreal por uma cidade noturna: cada um desses filmes carregam uma assinatura inconfundível.
Essas produções falam sobre vício, poder, desejo, solidão, mas, sobretudo, sobre o humano em seus paradoxos. A marginalidade se encontra com a ternura, a violência se mistura à fragilidade e o cotidiano ganha contornos de espetáculo. O impacto é, principalmente, na forma como as tramas são construídas, na atmosfera que prende e nos personagens que deixam marcas. Eis aqui quatro obras que merecem ser redescobertas.

Um jovem com aspirações grandiosas encontra nas produções pornográficas da década de 1970 a chance de ascender social e economicamente. Guiado por um carismático produtor, ele mergulha em um universo onde fama, prazer e dinheiro caminham lado a lado com excessos e destruição. À medida que conquista espaço, também se torna refém de um estilo de vida marcado por drogas, instabilidade emocional e relações frágeis. O retrato é tanto da ascensão meteórica quanto da queda devastadora, mostrando como os bastidores de uma indústria cercada de glamour aparente escondem vulnerabilidades e vícios corrosivos. Entre festas, câmeras e ilusões, desenha-se o retrato de uma geração em busca de identidade, poder e pertencimento.

Dois amigos inseparáveis decidem planejar pequenos crimes como forma de dar algum propósito a suas vidas sem rumo. Obcecado pela ideia de seguir um manual de “40 passos para o sucesso”, um deles arrasta o outro para uma série de assaltos mal elaborados, acreditando que a vida criminosa poderá lhes trazer reconhecimento e sentido. A dupla, porém, se mostra mais ingênua do que astuta, transformando cada plano em uma sequência de trapalhadas que expõe tanto sua falta de preparo quanto sua vulnerabilidade emocional. Quando resolvem se aliar a um veterano do crime em busca de um grande golpe, a ilusão de profissionalismo rapidamente se desfaz, revelando uma jornada marcada por amizade, lealdade e desilusões. Em meio ao fracasso constante, o que permanece é o retrato melancólico e cômico de jovens tentando encontrar lugar em um mundo que insiste em não levá-los a sério.

Um jovem prostituto, marcado por crises de narcolepsia, percorre estradas em busca da mãe desaparecida, acompanhado de um amigo que vive às sombras da rebeldia e da negação de sua própria origem privilegiada. A jornada, que começa como um deslocamento físico, se transforma em mergulho íntimo em carências afetivas, solidão e abandono. Entre encontros passageiros e diálogos cortantes, eles transitam entre a marginalidade e o desejo de pertencimento, enfrentando a dureza das ruas e a vulnerabilidade de suas próprias fragilidades. A estrada, metáfora de destinos incertos, conduz os personagens por paisagens que oscilam entre ternura e violência, revelando o choque entre sonhos e a dura realidade.

Um homem comum decide sair à noite para um encontro aparentemente trivial, mas o que deveria ser apenas uma aventura romântica se converte em um pesadelo surreal pelas ruas de Nova York. Preso em uma sequência de encontros improváveis e situações absurdas, ele se vê perseguido por personagens excêntricos que tornam sua madrugada uma espiral de caos. A cidade, habitualmente conhecida por sua energia, aqui ganha contornos ameaçadores e labirínticos, transformando cada esquina em um desafio e cada desconhecido em um risco. Incapaz de retornar para casa, o protagonista atravessa um ciclo de confusão, paranoia e exaustão, onde o humor se mistura à angústia e o real beira o fantástico.