O cineasta sueco Lasse Hallström já entregou bons materiais, como “Gilbert Grape”, “Chocolate” e “Minha Vida de Cão”, mas, nos últimos anos, entrou no ciclo de receitas prontas e clichês sem criatividade. Seu mais recente romance, lançado no Prime Video, “O Mapa que Me Leva Até Você”, se encaixa nesse perfil: a gente não precisa de mais filmes como esse. Roteiro fraco, previsível, rostinhos bonitos e uma química água com açúcar. O romance idílico vivido sob o escaldante céu das paisagens de tirar o fôlego de Cadaqués, Porto, Veneza e outras cidades que parecem feitas para casais apaixonados. Uma verdadeira propaganda de pacotes de viagens, com uma história que não preenche camadas suficientes para criar algo envolvente.
Madelyn Cline interpreta Heather, uma jovem com uma promessa de emprego promissor nos Estados Unidos, mas que quer aproveitar seus últimos dias de férias em uma viagem com as amigas pela Europa. Em um trem, seus caminhos se cruzam com os de Jack (KJ Apa), um rapaz misterioso e niilista, que segue os passos de seu avô, um ex-combatente da Segunda Guerra, narrados em um antigo diário, pelo continente europeu. A viagem é descompromissada. Heather e suas amigas seguem o fluxo do destino como folhas ao vento, aproveitando cada momento de sua liberdade efêmera, algo que toda pessoa jovem poderia ter condições de experimentar.
Nessa rota sem plano, Heather e Jack se apaixonam e seguem sozinhos os próprios rumos durante a viagem, enquanto as amigas também decidem improvisar. Enquanto Heather é confiante, planeja o futuro e gosta de estabilidade, Jack parece surfar em uma onda gigante em um oceano de possibilidades. Ele não limita seu futuro e, conforme o enredo se desenrola para o óbvio, entendemos os motivos. Heather quer que Jack a assuma, retorne com ela para os Estados Unidos, onde ambos darão continuidade à relação. Mas Jack não está disposto a seguir por esse caminho, porque sua vida está em um ponto menos otimista que a de Heather.
Vi, recentemente, uma história parecida na Netflix com Sofia Carson. Nada mais nesses romances reciclados de streaming pode nos surpreender, não é mesmo? Mas, se você é daqueles que assiste pela comodidade de algo fácil de digerir, pelo detox da realidade e das complexidades, mergulhe fundo. Hallström promete que não vai te fazer esforçar demais os neurônios nesse drama romântico descomplicado e sem tempero.
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