Os 5 livros brasileiros mais citados por celebridades

Os 5 livros brasileiros mais citados por celebridades

Há livros que não pertencem mais ao país onde nasceram. Livros que, embora inscritos em uma geografia precisa, já não obedecem a fronteiras — desobedecem, aliás, com a leveza de quem sabe que palavra boa não se aquieta. “Dom Casmurro”, por exemplo, é dessas obras que sabem viver à margem do tempo: Machado de Assis, em sua arquitetura tortuosa e impecável, construiu um narrador que desconfia até de si mesmo — e Woody Allen o viu. Reconheceu ali um tipo raro de modernidade: a dúvida como espinha dorsal da literatura. Não se tratava apenas de Capitu, mas da literatura como suspeita.

O mesmo se pode dizer de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Quando Susan Sontag escreveu que Machado era “um autor sem província”, não estava oferecendo elogio fácil. Estava admitindo que há um Brasil que não se dobra às caricaturas. Um Brasil que sabe rir da própria desgraça com a dignidade dos que conhecem a ironia como forma de resistência.

Jorge Amado, por sua vez, capturou algo que nenhuma diplomacia foi capaz de traduzir: o povo como enredo, o desejo como motor. “Capitães da Areia” chegou à Penguin Classics com prefácio de Colm Tóibín, e não foi por acaso. É que aqueles meninos de rua — em fúria e festa — contêm uma verdade social que só a ficção suporta sem se arrebentar.

“A Maçã no Escuro”, de Clarice Lispector, talvez seja o livro que menos se deixa explicar. Benjamin Moser tentou — com devoção. E ao tentar, revelou o que tantos sentem ao lê-la: que suas frases parecem traduzir algo que ainda não sabíamos ser possível pensar. Clarice não narra, insinua. E nisso há um tipo raro de risco — o de ser verdadeira demais.

Por fim, “O Alquimista”, de Paulo Coelho, que Madonna e Oprah citaram como quem partilha um segredo que mudou suas rotas. Zombado por uns, adorado por multidões, ali vive a fé no invisível, a crença pueril — e poderosa — de que todo destino é escolha. Sim. Às vezes, é só isso: um livro, uma frase, um leitor. E tudo muda. As sinopses foram adaptadas a partir das originais fornecidas pelas editoras.