Nomear uma banda de rock para cada letra do alfabeto pode ser um exercício bastante divertido. Na maior parte do alfabeto latino, temos um amplo leque de escolhas — com exceção de algumas letras, como X e Z, em que a oferta é escassa. Baseado nessa proposição feita pela revista eletrônica de rock “Loudwire”, eu montei a minha lista. Se você, leitor, fizesse a sua, ela corresponderia mais ou menos à minha? Ou divergiria completamente? No meu caso, apenas 7 das 26 bandas citadas pela “Loudwire” constam da minha lista, ou seja, 27% de compatibilidade.
No processo de montagem da lista, ocorreram ao menos três situações distintas. A primeira foi não ter nenhuma dúvida sobre qual grupo escolher — o B, por exemplo. A segunda é ter tantas opções e ficar em dúvida entre elas, como no caso do M. E a terceira foi não ter opções de escolha e me abster de pegar uma que eu nem conheço direito — o X.
Vamos à lista das melhores bandas de rock para cada letra do alfabeto:
Existem ao menos duas bandas com A que possuem uma legião de fãs ardorosos, mas eu prefiro o rock alternativo dos Arctic Monkeys. Sua música está em permanente evolução e combina diferentes influências, como rock psicodélico, soul e rhythm & blues.
Aqui não há dúvida, porque os Beatles não transformaram apenas a música — mudaram o mundo. Podemos dizer que toda manifestação artística e cultural dos nossos dias deve, em maior ou menor grau, aos caminhos abertos pelos Beatles. Não tem para ninguém, são os maiores!
Uma banda que começou no punk inglês, mas o gênero era pequeno demais para tanta coisa que eles tinham a dizer, e incorporaram várias tendências musicais às suas letras politizadas e de crítica social. Apesar de ter durado tão pouco, o Clash deixou sua marca no rock.
Baluarte do rock pesado, com quase 60 anos de carreira e várias formações ao longo das décadas — mas sempre com músicos talentosos a conduzir seu som enérgico e, ao mesmo tempo, melódico. Foi por pouco que o Deep Purple tirou os Doors da lista.
Apenas três componentes que faziam rock progressivo vigoroso e sofisticado. As influências da música clássica — notadamente de J.S. Bach — e do jazz são as marcas fundamentais do ELP, além do virtuosismo de seus membros: Emerson nos teclados, Palmer na bateria e Lake com uma das mais belas vozes do rock.
Grupo de rock progressivo dos Países Baixos, o Focus fez muito sucesso na década de 1970. Na ativa até hoje, é centrado na figura do seu divertido líder Thijs van Leer. A música do Focus é basicamente instrumental, incluídas aqui as eventuais e sensacionais vocalizações de van Leer.
O Genesis tem duas fases distintas. Na primeira — e minha preferida —, liderado por Peter Gabriel, era puro rock progressivo com forte influência do folk inglês. Na segunda, em que Phil Collins foi assumindo o controle gradativamente, a banda parte do progressivo para um pop rock mais radiofônico.
Grupo importante no movimento beat inglês da década de 1960, caracterizado por misturar rock com pop, refrãos ganchudos e harmonizações vocais. Os Hollies conseguiram emplacar diversas canções de sucesso no Reino Unido, tendo ficado atrás apenas dos Beatles.
Agora uma banda brasileira para variar. O Ira! é cria do renascimento do rock nacional da década de 1980, e suas raízes estão no punk. Porém, essas raízes foram mescladas a influências de grupos ingleses da década de 1960, como Who e Kinks, o que lhes deu mais sofisticação sonora.
O trio que o estadunidense Jimi Hendrix montou em Londres, com os ingleses Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria, virou a música de cabeça para baixo. Eles uniram blues com rock psicodélico. Hendrix fazia coisas até então inimagináveis na guitarra, com apoio firme de Redding e Mitchell.
Pioneiro do rock progressivo inglês, o King Crimson atravessou o tempo sempre inovando e sem fazer concessões fáceis. A influência marcante do jazz torna sua música complexa e instigante, o que acaba afugentando muitos ouvintes — mas os que perseveram são recompensados.
O caldeirão sonoro criado por Jimmy Page e cia. misturou rock, psicodelia, blues, folk, metal, entre outras coisas, para criar um som original e distintivo que continua a nos assombrar até os dias de hoje por sua força e permanente atualidade. Parece que foi ontem que os gigantes caminhavam sobre a Terra.
Uma banda de rock brasileira, surgida na década de 1960, que não tem paralelo com nenhuma outra de sua época — ou além. Tal é a originalidade dos Mutantes, que tiveram a sorte de juntar seu rock psicodélico com o tropicalismo e as coisas do Brasil. Indispensável, pelo menos enquanto Rita Lee estava na banda.
Surgido das cinzas do Joy Division, o New Order agregou, ao pós-punk original, elementos de música eletrônica e dance music, em um clima mais alegre e otimista. O pioneirismo deles nessa seara sonora forjou até um gênero: dance rock. Música que é ótima para ouvir, sem enjoar, e ótima para dançar.
A Suécia tem se mostrado um celeiro de ótimas bandas — é de lá que vem o Opeth. Ao seu death metal original, o Opeth incorporou boas doses de rock progressivo, jazz, folk e blues. É uma das bandas mais instigantes em atividade no cenário atual.
Do seu início psicodélico aos monumentos sonoros que seguiam um conceito preestabelecido. Temas profundos do indivíduo e da sociedade emoldurados por melodias cativantes e viajantes. O Pink Floyd é, ao lado dos Beatles, a banda mais importante do universo. Que falta eles fazem!
Talvez a melhor voz do rock, um guitarrista de estilo único, um baterista poderoso e um baixista de apurado senso rítmico. Rock pesado, pop, progressivo e harmonias vocais operísticas. Quatro compositores e três membros que cantam. Tudo isso faz do Queen uma banda sem igual.
Mais de sessenta anos de estrada e, apesar da perda de componentes ao longo do tempo, os Stones não dão sinal de parada. Com a dupla Jagger e Richards no comando, continuam fiéis ao blues rock e suas variações. Longa vida aos Rolling Stones!
O grupo de Manchester fazia um rock básico — e bem tocado. Seu diferencial era a importância dada à guitarra, altamente melódica e sem firulas, como suporte à voz melancólica de Morrissey, cantando problemas existenciais do indivíduo ou bradando contra as injustiças sociais em letras poéticas.
Uma banda em permanente evolução. De precursores da new wave, nos primeiros álbuns, os Talking Heads foram incorporando ritmos africanos e de outras partes do mundo à sua música instigante e com letras divertidas e originais — por vezes surreais — que tratam do cotidiano da sociedade.
Dentre as inúmeras bandas de rock pesado surgidas no final da década de 1960 e na primeira metade da de 1970, o Uriah Heep se destaca por colocar um tempero de progressivo no seu hard rock. As letras repletas de temas fantásticos completam a receita.
Na década de 1960, na contramão do “Paz e Amor” do movimento hippie, aparece uma banda tratando de temas pesados como abuso de drogas e sexo não convencional, com uma sonoridade experimental, vanguardista e até soturna. São considerados precursores do punk rock.
Energia e rebeldia são as marcas registradas do Who — esse grupo longevo com mais de sessenta anos de carreira. O Who ousou ir além dos rocks rápidos e pesados e se aventurou em transformar sua música em arte duradoura ao realizar uma das primeiras óperas-rock da história: Tommy.
Não tenho como falar de nenhuma banda de rock com a inicial X. Poderia escolher o XTC, mas só conheço uma música deles — e ela está na playlist representando a letra X.
O Yes é quase um sinônimo de rock progressivo. Melodias elaboradas, músicos extremamente virtuosos e letras cheias de lirismo poético e até espirituais. Escutar Yes é como viajar em paisagens sonoras transcendentais e desafiadoras. Uma verdadeira orquestra sinfônica do rock.
A música dos Zombies — banda britânica da década de 1960 — é uma joia delicada de arranjos e harmonias vocais refinadas. É pop, mas é psicodélica e até lindamente melancólica. Tudo isso numa elegante atmosfera barroca. É uma pena não terem feito o merecido sucesso na época.