Hoje em dia, as manchetes nos atropelam mais rápido do que a pressa de segunda-feira. Parar para pensar parece luxo. Mas e se, no meio desse caos, aparecesse um velhinho de barba rala, camisa simples e um olhar que diz mais que mil PowerPoints corporativos? Sim, estamos falando de José “Pepe” Mujica — falecido no último 13 de maio, ex-presidente do Uruguai, ex-guerrilheiro, ex-prisioneiro político e, talvez, um dos últimos românticos em tempos de algoritmos. Mujica não falava para impressionar; falava para cutucar, incomodar e, de alguma forma, fazer a gente olhar para o espelho sem medo do que vai refletir. E, convenhamos, com tantas frases prontas flutuando por aí, encontrar alguém que diz o que pensa e vive o que diz é quase um ato revolucionário.
Pepe é o tipo de pessoa que não precisava de Photoshop na alma. Ele morava num sítio humilde, anda em Fusca e coleciona cachorros de rua — talvez por isso entendia tanto de humanidade. Suas palavras, por vezes simples, são como sementes lançadas ao vento: algumas caem no asfalto, mas outras brotam dentro da gente, no cantinho mais fértil do pensamento. Enquanto o mundo corre atrás do “mais”, Mujica prega o “menos”, mas com propósito. Ele nos provoca a repensar o que é sucesso, o que é liberdade e o que diabos estamos fazendo com nosso tempo. Se fosse um coach, daria calafrios na Faria Lima — mas, ainda assim, mudaria vidas.
Nessa lista, a Revista Bula reuniu 10 frases desse filósofo camponês que, mesmo sem celular moderno ou discurso enfeitado, entregava uma lucidez rara, dessas que fazem até Wi-Fi parecer supérfluo. Cada citação de Mujica era um puxão de orelha disfarçado de abraço: incomodava com ternura, provoca com serenidade. E não, isso não é um convite à nostalgia, mas à revolução interna. Uma que começa devagarinho, no silêncio de uma reflexão sincera. Pegue um chá — ou um mate, em homenagem ao mestre —, respire fundo e prepare-se: são apenas dez frases, mas elas carregam o poder de virar a chave onde você menos espera.
“O poder não muda as pessoas, apenas revela quem realmente são.”
2014, entrevista ao programa “Los Desayunos de TVE”, Espanha.
“Não sou pobre, sou sóbrio, leve de bagagem. Vivo com o suficiente para que as coisas não me roubem a liberdade.”
2012, discurso na Cúpula Rio+20, Rio de Janeiro, Brasil.
“Ser livre é gastar a maior quantidade de tempo da nossa vida com aquilo que gostamos de fazer.”
2013, entrevista ao programa “Los Desayunos de TVE”, Espanha.
“Pobre não é o que tem pouco, mas o que precisa infinitamente de muito.”
2012, discurso na Cúpula Rio+20, Rio de Janeiro, Brasil.
“A política deve estar a serviço da maioria.”
2013, discurso na Assembleia Geral da ONU, Nova York, EUA.
“Não deixem que o consumismo lhes roube a vida.”
2012, discurso na Cúpula Rio+20, Rio de Janeiro, Brasil.
“A política é a luta pela felicidade de todos.”
2013, discurso na Assembleia Geral da ONU, Nova York, EUA.
“Os únicos derrotados são aqueles que baixam os braços e se entregam.”
2014, discurso na cúpula de presidentes da UNASUL, Guayaquil, Equador.
“A vida se te escapa e se te vai minuto a minuto, e não podes ir ao supermercado e comprar vidas.”
2013, entrevista ao programa “Los Desayunos de TVE”, Espanha.
“A vida se te escapa e se te vai minuto a minuto, e não podes ir ao supermercado e comprar vidas.”
2013, entrevista ao programa “Los Desayunos de TVE”, Espanha.
“A verdadeira liberdade está em consumir pouco.”
2012, discurso na Cúpula Rio+20, Rio de Janeiro, Brasil.