Os 7 filmes de 2025 que deixaram todo mundo emocionado (e ninguém estava preparado) Divulgação / Walt Disney Studios Motion Pictures

Os 7 filmes de 2025 que deixaram todo mundo emocionado (e ninguém estava preparado)

A qualquer momento da vida podemos nos sentir perigosamente sós, como se desterrados em nossa própria existência, presos numa quietude atroadora, implorando pela compaixão de alguém, e quanto mais consome-nos a angústia, mais nos apercebemos do quão perdidos estamos em nosso próprio desespero, ansiando por um salvador que não vem nunca, que não nos quer conhecer, que tem-nos desprezo. Quanto mais longe fica o homem do mundo, mais se aproxima de sua própria alma; seus mistérios, ainda que sempre absorventes, tornam-se menos indóceis, e a vida até parece mais fácil, uma vez que põe-se mais alerta e não se flagra vítima dos delírios que ele mesmo teima em criar. O homem passa a vida defendendo-se de seus próprios impulsos, abafando a vontade de rebelar-se contra toda a insana fantasia que o cerca, e dessa forma refina o propósito de se aperfeiçoar, de fazer da permanência neste plano um tempo menos atribulado e mais aprazível.

O amor está sempre à espreita, como a grande ameaça da vida. Apaixonar-se pode ser a perdição irreparável de alguém, sobretudo se o sentimento avassalador de saber-se possuído pela vontade de estar além da própria pele vem demasiado cedo, mas viver nunca foi um problema matemático, cujo frio resultado não encerra nenhuma outra possibilidade. Faz-se necessário experimentar, arriscar-se, flertar com o perigo muitas vezes para, talvez, começar a entender que a vida tem seus próprios mandamentos. Escapando de determinadas armadilhas para permitir-se capturar por outras tantas, ledamente, fazemos da existência a arte de saber se esquivar e de gostar de sofrer. Antes mesmo que o galo cante pela terceira vez numa madrugada chuvosa, certo de que sem essa sua doida empreitada o mundo estará condenado às trevas de uma noite sem fim, já teremos também nós nos submetido aos mil açoites do carrasco inexpugnável que nos habita, indignado por termos aberto a única porta que deveríamos manter fechada, se não para sempre, pelo maior tempo possível.

Os sete filmes que escolhemos para esta lista, as estreias mais emocionantes dos últimos doze meses até o momento, espelham, cada qual a seu modo, essa tentativa de imprimir alguma ordem na caótica jornada humana aqui embaixo. Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, Jesse Eisenberg faz de “A Verdadeira Dor” uma estreia promissora na direção, comovendo e erigindo reflexões ao esmiuçar uma das chagas da humanidade pelos olhos de dois primos, interpretados por Eisenberg e Kieran Culkin, premiado pela Academia como Melhor Ator Coadjuvante. Da mesma forma que Benjamin Kaplan, o personagem de Culkin, Karoline Nielsen também balança na delgada corda do existir. Desvalida, a protagonista de “A Garota da Agulha” padece de um achaque moral que resiste ao tempo, exposto de maneira didática pelo sueco Magnus von Horn, mas sem prejuízo da afronta intelectual e da beleza da fotografia em preto e branco, o que lhe valeu a nomeação ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2025, um ano particularmente fecundo e jubiloso no cinema. As produções vêm elencadas em ordem alfabética.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.