Filmes

Joan Didion, uma das vozes mais incisivas da literatura americana, uma vez observou que só quem nunca passou um Natal em Sacramento poderia exaltar o hedonismo da Califórnia. Sua percepção afiada refletia a intimidade com sua terra natal e uma compreensão profunda de sua época. Didion, natural de Sacramento, não apenas captou as nuances de sua geração, mas as expressou com uma sagacidade inigualável, permeando centenas de artigos e mais de uma dúzia de livros. Em cada linha, transmitia uma visão singular do caos e da beleza do mundo ao seu redor.

Em “Última Chamada para Istambul”, duas vidas se cruzam por acaso no aeroporto JFK, em Nova York, após uma troca de malas que conecta Serin, uma designer de joias, e Mehmet, um músico. Unidos pela familiaridade de Istambul e a língua comum, eles embarcam em uma noite cheia de aventuras, confusões e tentações pela cidade. O filme, que começa como uma leve comédia romântica, revela-se um drama profundo, explorando os limites do amor, os dilemas da lealdade e a busca pela felicidade pessoal.

O impacto iminente vem do céu, e com ele, o inevitável colapso. Em “Não Olhe para Cima”, Adam McKay explora o pavor coletivo da extinção, oferecendo uma sátira incisiva sobre o comportamento humano diante da morte, abordada de maneira sardônica e desconcertante. O filme, lançado em 2021, surge no cenário pós-pandemia, onde o isolamento forçado e a crescente alienação acentuaram o desespero e a insanidade. McKay mistura, com habilidade, um conjunto de críticas à sociedade contemporânea, desde a obsessão pelas redes sociais e o progresso tecnológico desenfreado até a superficialidade de uma cultura que celebra a fama e ignora questões existenciais.

“John Wick” mergulha o espectador em um universo onde vingança e ação se entrelaçam de forma visceral. A trama segue um ex-assassino de aluguel, agora aposentado, cuja tentativa de levar uma vida pacífica é interrompida por uma tragédia cruel: a morte de seu cão, último presente de sua falecida esposa. O incidente desperta um lado implacável de Wick, levando-o a confrontar o submundo do crime em uma jornada de retaliação, marcada por sequências de ação eletrizantes e estilo impecável.

Na década de 1920, revistas feitas com a polpa da celulose, ganharam o mundo com histórias que misturam o noir, o fantástico e a ficção científica a cenas de ímpeto furioso, tão explícita quanto a imobilidade daquele papel barato permitia. Paulatinamente, Zorro, figura um tanto sombria em sua capa e chapéu pretos foi ganhando nuanças diversas, ora bem-humoradas, ora graves e até sangrentas, e em “A Máscara do Zorro”, Martin Campbell revela mais uma face improvável do anti-herói.