Não tem momento de maior introspecção e concentração do que aquele em que você está sentado em um carro por aplicativo, no ônibus ou metrô a caminho do trabalho. Se a viagem será longa e você quer passar mais tempo desligado da internet (tempo necessário!), nada como ter sempre um livro curtinho na bolsa, no bolso ou na mochila para sacar. Além de te dar aquela vibe de intelectual, você ainda faz um detox das redes sociais e acrescenta munição cultural para o seu arsenal mental.

Um corte profundo na tradição narrativa expõe a dor em estado bruto, sem linha reta para guiá-la; cada voz de uma mesma família fala um idioma próprio, fraturado, como quem tenta costurar o luto com as mãos nuas, até que uma simples frase infantil escancara a falência da linguagem adulta e rasga o céu da metáfora. O tempo gira em espiral, a consciência tropeça, e a travessia pelos caminhos enlameados converte-se num ritual de decomposição em que urubus, lama e correnteza competem com o esforço humano de preservar a dignidade de um corpo que já se desfaz.

Muito já se escreveu atrás das grades — e nem sempre o que emerge da prisão é desprezível. Entre atrocidades literárias e obras-primas, surgiram autores como Cervantes, Wilde e Boécio, que transformaram o cárcere em um estranho e, por vezes, fértil terreno de criação. Agora, o Supremo Tribunal Federal terá de enfrentar uma questão espinhosa: presos podem publicar livros? O debate vai além da liberdade de expressão; envolve também segurança pública e o risco de subterfúgios ocultos em palavras. Em jogo, está o equilíbrio delicado entre proteger direitos fundamentais e manter a ordem nas prisões brasileiras.