Autor: Marcelo Costa

Este filme passou batido no cinema, mas agora virou ouro na Netflix

Este filme passou batido no cinema, mas agora virou ouro na Netflix

Há filmes que operam como mecanismos de precisão narrativa. Mas há outros, mais raros, que preferem funcionar como armadilhas: te atraem pela promessa de clareza, para em seguida embaralhar tudo com maestria. “Um Contratempo”, do diretor espanhol Oriol Paulo, pertence a essa segunda linhagem, e se destaca por como confunde não por falha, mas por método. O longa, estruturado como uma partida de xadrez onde cada movimento revela intenções ocultas, não oferece ao espectador o conforto de uma única verdade.

Está na Netflix: o filme que apaga os Beatles — e acerta no coração Divulgação / Universal Pictures

Está na Netflix: o filme que apaga os Beatles — e acerta no coração

Um músico mediano acorda em um mundo onde os Beatles nunca existiram. O apagão que apaga a maior banda de todos os tempos da história da humanidade é tratado sem espanto, sem análise, quase como um detalhe técnico. Mas ali começa a distorção. Não é apenas uma boa premissa de ficção. É um experimento cultural sobre autoria, memória e oportunismo. Em “Yesterday”, dirigido por Danny Boyle, um sujeito comum encontra uma brecha entre o esquecimento coletivo e a fama. E entra.

Chamam de burro, mas ninguém para de ver: o filme de ação que segue imbatível na Netflix Divulgação / Universal Pictures

Chamam de burro, mas ninguém para de ver: o filme de ação que segue imbatível na Netflix

“Não há nada que um pai não faça pelo filho.” Com essa frase, Dom Toretto abre “Velozes e Furiosos 10”, e ela resume bem o espírito de uma franquia que, mesmo após mais de duas décadas, continua apostando na lealdade como tema central. Em sua nova empreitada, o diretor Louis Leterrier se apoia nos mesmos elementos que marcaram os capítulos anteriores: ação ininterrupta, dramas familiares exagerados e uma estética construída sobre o excesso. O resultado, embora eficaz do ponto de vista comercial, confirma que a série permanece presa à própria fórmula.

Este suspense na Netflix é um espetáculo para os olhos e para a mente — e quase ninguém viu Divulgação / Twentieth Century Fox

Este suspense na Netflix é um espetáculo para os olhos e para a mente — e quase ninguém viu

Há filmes que parecem sonhados com os olhos abertos. “A Cura”, de Gore Verbinski, não se apressa em parecer verossímil; o realismo nunca foi seu objetivo. Há algo nos tons azulados, nas paisagens imóveis e nas janelas embaçadas que evoca uma memória ancestral de castelos e doenças, onde o tempo hesita e as promessas se dissolvem. O filme não é sobre lógica. É sobre atmosfera. Sobre desconforto. Sobre uma beleza paralisante, que não consola. E, sobretudo, sobre a suspeita persistente de que aquilo que nos oferecem como bem-estar talvez seja, secretamente, outra forma de prisão.

Os 7 livros que mudaram a cabeça de Nietzsche

Os 7 livros que mudaram a cabeça de Nietzsche

Nietzsche não nasceu pronto. Sua filosofia cortante, muitas vezes violenta, não brotou do nada. Foi sendo formada, página a página, na tensão entre admiração e repulsa, entre leitura e reação. Sete livros se alojaram fundo em sua cabeça. Alguns ele rompeu, outros abraçou, outros ainda transformou em combate. Este não é um inventário de influências, mas uma travessia pelas ideias que fermentaram o pensamento mais indomável da modernidade. Porque todo pensamento, mesmo o mais original, nasce de algum atrito com o que já foi dito.