Autor: Helena Oliveira

Entre os 3,2 mil filmes da Netflix Brasil, existe um que não deveria estar ali — deveria estar em museu, com legenda: obra-prima definitiva Divulgação / Paramount Pictures

Entre os 3,2 mil filmes da Netflix Brasil, existe um que não deveria estar ali — deveria estar em museu, com legenda: obra-prima definitiva

Em “Era uma Vez no Oeste”, Sergio Leone transforma a decadência do Velho Oeste em rito visual de melancolia e grandiosidade. A trama, encenada entre trilhos, poeira e silêncios carregados, ressignifica os mitos do faroeste com rigor estético, lirismo sombrio e uma trilha sonora que opera como lamento. Mais que filme, é o epitáfio de uma era em vias de desaparecer — um gesto fúnebre que se converte em pura reverberação mitológica.

Romance épico com Joaquin Phoenix e Marion Cotillard que vale ver duas vezes, no Prime Video Anne Joyce / Wild Bunch

Romance épico com Joaquin Phoenix e Marion Cotillard que vale ver duas vezes, no Prime Video

Logo nas primeiras cenas, Ewa Cybulska (Marion Cotillard) atravessa o labirinto de Ellis Island ao lado da irmã, Magda, cujo estado de saúde a transforma em um obstáculo à entrada nos Estados Unidos. A figura da Estátua da Liberdade, que tantas vezes foi usada como epíteto do acolhimento, aparece como pano de fundo para um gesto oposto: o de recusa. Enquanto Magda é isolada, Ewa é marcada como indesejável.

O melhor suspense de terror de 2025 não tem fantasmas, nem espíritos. Tem algo muito mais primitivo — um lobisomem. No Prime Video Divulgação / Universal Pictures

O melhor suspense de terror de 2025 não tem fantasmas, nem espíritos. Tem algo muito mais primitivo — um lobisomem. No Prime Video

Leigh Whannell retorna ao universo dos monstros clássicos com “Lobisomem”, uma releitura sombria e íntima do licantropo que habita o inconsciente coletivo há décadas. Ambientado entre as florestas do Oregon e os abismos emocionais de uma família em crise, o filme mistura tensão atmosférica, violência contida e metáforas de herança, masculinidade e destruição interior. O horror não vem apenas da fera — ele cresce onde o afeto se fragmenta.

Obra-prima de Mel Gibson com 91% de avaliação no Rotten Tomatoes, vencedor de 2 Oscars, na Max Divulgação / Summit Entertainment

Obra-prima de Mel Gibson com 91% de avaliação no Rotten Tomatoes, vencedor de 2 Oscars, na Max

Em “Até o Último Homem”, Mel Gibson retorna à direção com um projeto que, à primeira vista, poderia ser apenas mais uma narrativa de heroísmo em meio ao horror bélico. No entanto, ao centrar sua história em um pacifista que salva vidas em vez de tirá-las, o filme se desloca do terreno comum e se converte em um estudo visceral sobre convicção, fé e resistência moral diante do colapso da razão humana.

Proibido para cardíacos: o thriller que acaba de chegar à Netflix e vai deixar seus olhos vidrados na tela Divulgação / Netflix

Proibido para cardíacos: o thriller que acaba de chegar à Netflix e vai deixar seus olhos vidrados na tela

Há filmes que não pretendem narrar um evento, mas colocá-lo diante do espectador como se dissesse: veja com seus próprios olhos, sem filtros, sem atalhos. “iHostage” se alinha a essa proposta com rara integridade. Inspirado em um sequestro real ocorrido em Amsterdã, em 2022, o longa não disfarça sua origem factual nem tenta revesti-la de ficção palatável. Ao contrário, aposta em uma crueza meticulosa, que se sustenta menos nos artifícios tradicionais do suspense e mais na tensão que brota do inusitado cotidiano que se rompe