Autor: Helena Oliveira

O filme na Netflix, com Bradley Cooper, que fez muita gente chorar escondido Divulgação / Warner Bros.

O filme na Netflix, com Bradley Cooper, que fez muita gente chorar escondido

“Nasce uma Estrela” não tenta nos convencer de que o estrelato é um planeta distante reservado aos escolhidos do Olimpo pop. A câmera gruda em dois seres humanos que não nasceram para brilhar, eles aprenderam a sobreviver em meio ao aplauso. Talvez seja por isso que Lady Gaga, aqui sem o exagero performático que todo mundo conhece, conquista antes mesmo de abrir a boca para cantar. Ela não interpreta: expõe-se.

O épico com Brad Pitt que faturou meio bilhão e agora está na Netflix Divulgação / Warner Bros.

O épico com Brad Pitt que faturou meio bilhão e agora está na Netflix

Há quem veja “Tróia” como um colosso de músculos à beira-mar, embalado por batalhas grandiosas e egos maiores ainda. Eu, particularmente, prefiro enxergá-lo como um daqueles encontros improváveis entre Hollywood e o desejo eterno de domesticar o mito. Os gregos lançaram navios; os estúdios lançaram dólares. Em ambos os casos, o objetivo foi o mesmo: conquistar o imaginário alheio com uma boa dose de brilho e ilusão.

Filme italiano na Netflix nos lembra do que tentamos esquecer: o bem ainda existe Divulgação / Netflix

Filme italiano na Netflix nos lembra do que tentamos esquecer: o bem ainda existe

Alguns filmes chegam com a delicadeza de quem bate à porta pedindo licença para existir. “Lazzaro Felice” faz exatamente isso, mas sem jamais abaixar os olhos. Há uma serenidade subversiva em sua presença, como se dissesse que a pureza não é ingenuidade, mas uma insurgência silenciosa contra a lógica brutal do mundo contemporâneo. A cada cena, parece sussurrar que há algo de profundamente errado quando a bondade se torna anomalia social.

O filme de Noah Baumbach na Netflix que vai conversar com suas feridas familiares Atsushi Nishijima / Netflix

O filme de Noah Baumbach na Netflix que vai conversar com suas feridas familiares

O caos doméstico tem uma estranha habilidade de se disfarçar de afeto. Às vezes, ele usa a forma de esculturas pretensamente geniais; noutras, veste o terno de um pai que jurou ter feito o melhor que pôde, especialmente quando não fez. Em “Os Meyerowitz — Família Não Se Escolhe”, Noah Baumbach nos convida a visitar um clã que domina essa arte com talento quase hereditário: o de amar com cotovelos, pedir atenção esfregando mágoas e sobreviver ao legado emocional de um patriarca que jamais entendeu a diferença entre orgulho e acolhimento.