Autor: Helena Oliveira

O conto mais açucarado do cinema é, na verdade, uma crítica amarga ao consumismo — na HBO Max Divulgação / Warner Bros

O conto mais açucarado do cinema é, na verdade, uma crítica amarga ao consumismo — na HBO Max

“A Fantástica Fábrica de Chocolate” é o tipo de filme que revela o quanto o imaginário infantil pode ser um território de sombras disfarçado em confeitaria. O universo de Tim Burton, ao revisitar o clássico de Roald Dahl, não tem a doçura nostálgica que muitos esperam, mas um sabor agridoce, feito da mistura entre a inocência de um garoto pobre e a excentricidade de um homem que nunca amadureceu. O que parecia ser apenas uma viagem a um mundo de guloseimas torna-se uma parábola sobre o desejo, a moral e o medo de crescer.

Clássico dos irmãos Coen mostra que a estupidez humana é mais perigosa que o mal — no Prime Video Divulgação / Film1

Clássico dos irmãos Coen mostra que a estupidez humana é mais perigosa que o mal — no Prime Video

Alguns filmes nascem para provar que a estupidez humana pode ser mais assustadora que a maldade. “Fargo” é um deles. O crime aqui não vem de um impulso diabólico, mas de uma soma de equívocos, covardias e pequenas ambições que se transformam em catástrofe. Os irmãos Coen criam um universo gelado e absurdo, onde cada gesto de cordialidade esconde um potencial de destruição. A neve cobre tudo como um lençol que tenta ocultar o grotesco, e o riso surge sempre no instante errado, como se o espectador, cúmplice involuntário, não soubesse se está diante de uma comédia ou de um pesadelo contado em voz calma.

Filme sobre escravidão mais impactante do século ainda é impossível de assistir sem se despedaçar, no Prime Video Divulgação / Lionsgate

Filme sobre escravidão mais impactante do século ainda é impossível de assistir sem se despedaçar, no Prime Video

“12 Anos de Escravidão” é um daqueles filmes que invade a consciência, rompe o conforto do espectador e obriga a confrontar uma ferida histórica que o cinema muitas vezes tratou com eufemismo. Steve McQueen não busca redenção nem catarse, mas o desconforto absoluto, aquele que paralisa o corpo e silencia a sala. A história de Solomon Northup, homem livre sequestrado e vendido como escravo, não é apenas uma narrativa de injustiça; é a representação de uma civilização inteira construída sobre a negação da humanidade alheia.

Comédia romântica na Netflix com Melissa McCarthy é o colapso tecnológico mais fofo que você vai ver Divulgação / New Line Cinema

Comédia romântica na Netflix com Melissa McCarthy é o colapso tecnológico mais fofo que você vai ver

Comédias sobre inteligência artificial tendem a cair em dois extremos: a distopia tecnológica ou o otimismo ingênuo. “Superinteligência” tenta ocupar um meio-termo improvável, onde o apocalipse digital é apenas o pano de fundo para um romance de gente comum, com suas inseguranças e contradições. Melissa McCarthy é o fio condutor dessa fábula contemporânea, uma mulher comum escolhida por uma entidade artificial para representar o destino da humanidade, uma escolha tão absurda quanto simbólica.

Comédia com Morgan Freeman e Alan Arkin, na Netflix, é aquele tipo raro de filme que abraça sem precisar dizer nada Divulgação / New Line Cinema

Comédia com Morgan Freeman e Alan Arkin, na Netflix, é aquele tipo raro de filme que abraça sem precisar dizer nada

Há um certo prazer em assistir três velhos amigos decidindo que o crime é uma boa ideia. Especialmente quando esses amigos são Morgan Freeman, Michael Caine e Alan Arkin. Em “Despedida em Grande Estilo”, o assalto ao banco é menos sobre dinheiro e mais sobre dignidade. Eles não querem apenas reaver o que lhes foi tirado por um sistema que devora aposentadorias e promete estabilidade apenas para quem não precisa dela.