Autor: Helena Oliveira

O tesouro cinematográfico que vai te fazer se sentir dentro de um enigma de Agatha Christie, na Netflix Divulgação / Focus Features

O tesouro cinematográfico que vai te fazer se sentir dentro de um enigma de Agatha Christie, na Netflix

Na penumbra de uma alfaiataria anônima, onde o silêncio parece ecoar mais alto do que qualquer grito, desenrola-se um jogo de inteligência em que o corte das palavras fere com a mesma precisão de uma lâmina afiada. “O Alfaiate”, dirigido por Graham Moore, utiliza o confinamento espacial não como limitação, mas como arma dramática. A Chicago de 1956, fria e indistinta do lado de fora, encontra dentro desse ateliê um campo de tensão psicológica que rivaliza com o teatro claustrofóbico de Pinter e a manipulação narrativa de Hitchcock.

Do mesmo diretor de “Parasita”, ficção científica com Robert Pattinson chegou sob demanda no Prime Video Divulgação / Warner Bros.

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“Mickey 17”, dirigido por Bong Joon-ho, atravessa os limites usuais da ficção científica e chega como uma anomalia narrativa que combina a brutalidade institucional da colonização espacial com a perplexidade existencial de um homem que descobre ser substituível por design. Não se trata de um filme sobre clonagem, mas de um ensaio corrosivo sobre identidade, poder e obsolescência humana — um labirinto ético onde o humor, o absurdo e o horror caminham lado a lado.

Nem Agatha Christie ousaria tanto: o suspense que está viralizando na Netflix é real e devastador Divulgação / Netflix

Nem Agatha Christie ousaria tanto: o suspense que está viralizando na Netflix é real e devastador

Baseado em um caso real que paralisou Amsterdã em 2022, “iHostage” mergulha no cerne de um sequestro dentro de uma loja da Apple e transforma o episódio em uma crítica intensa ao colapso das estruturas sociais. Com direção firme de Bobby Boermans e atuações que sustentam a tensão até o limite, o filme transcende o registro factual e investe em inquietações éticas, psicológicas e institucionais que permanecem após os créditos finais.

Entre os 3,2 mil filmes da Netflix Brasil, existe um que não deveria estar ali — deveria estar em museu, com legenda: obra-prima definitiva Divulgação / Paramount Pictures

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Em “Era uma Vez no Oeste”, Sergio Leone transforma a decadência do Velho Oeste em rito visual de melancolia e grandiosidade. A trama, encenada entre trilhos, poeira e silêncios carregados, ressignifica os mitos do faroeste com rigor estético, lirismo sombrio e uma trilha sonora que opera como lamento. Mais que filme, é o epitáfio de uma era em vias de desaparecer — um gesto fúnebre que se converte em pura reverberação mitológica.

Romance épico com Joaquin Phoenix e Marion Cotillard que vale ver duas vezes, no Prime Video Anne Joyce / Wild Bunch

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Logo nas primeiras cenas, Ewa Cybulska (Marion Cotillard) atravessa o labirinto de Ellis Island ao lado da irmã, Magda, cujo estado de saúde a transforma em um obstáculo à entrada nos Estados Unidos. A figura da Estátua da Liberdade, que tantas vezes foi usada como epíteto do acolhimento, aparece como pano de fundo para um gesto oposto: o de recusa. Enquanto Magda é isolada, Ewa é marcada como indesejável.