Autor: Giancarlo Galdino

Nunca se pode deixar de ter claro que “Rocketman” dá muito mais ênfase ao lado musical que a sua natureza de registro documental, isto é, deve-se absorver tudo o que Elton John canta pela boca de Taron Egerton e rejeitar grande parte do que a narrativa vende como a trajetória do astro e a jornada do homem. Dexter Fletcher, diretor do filme, um musical livremente (e bota livremente nisso!) inspirado na vida do músico, se propõe a falar da vida e da obra de seu biografado, por evidente, mas do seu jeito. E não se contenta só com isso.

“Abutres” é o típico filme argentino, com Ricardo Darín encarnando, como sói acontecer, um papel acentuadamente dramático, profundamente melancólico, sem jamais pesar a mão mais do que o próprio enredo aconselha. Nesse ponto, entra uma outra variável fundamental nessa equação, permeando todo o filme e servindo de bússola para o espectador: quando ela aparece, a tensão é certa.

A aura cômico-metafísica de “Do que os Homens Gostam” esconde um filme propositalmente obscuro, que sabe muito bem como dosar graça madura e reflexões filosóficas ligeiras, mas eficazes, numa narrativa que, claro, não se compromete quanto a transformar a visão de mundo do espectador sobre o que é tratado, e, ainda assim — ou por isso mesmo — balança nossas certezas.