Autor: Giancarlo Galdino

O melhor suspense que você verá neste fim de semana acaba de estrear na Netflix Divulgação / Netflix

O melhor suspense que você verá neste fim de semana acaba de estrear na Netflix

Há muitas camadas em “O Jogo da Viúva” — um casamento fracassado; uma mulher jovem, bonita e ambiciosa procurando aventuras, prazeres, e realizações; um homem de meia idade carente, cheio de tédio e propenso a alimentar fantasias pueris —, todas apontando para uma tragédia. Enquanto ela não vem, o diretor Carlos Sedes descortina as muitas faces da hipocrisia, misturando as tantas contradições do amor e dos elementos que a compõem à desfaçatez mais perversa, de modo a deixar o espectador a um só tempo confuso e excitado.

A maioria dos autores brasileiros contemporâneos escreve para agradar editora, não para dizer algo

A maioria dos autores brasileiros contemporâneos escreve para agradar editora, não para dizer algo

A literatura talvez seja a manifestação artística que mais revela-nos os mistérios de nossa humana e miserável natureza. No entanto, parece que certos escritores resolveram ignorar essa função vital de seu ofício e seu potencial revolucionário para apenas corresponder às exigências do mercado editorial e fazer dinheiro. Uma cosmiatria literária toma o lugar de livros autênticos, relevantes, incômodos, num país de poucos e maus leitores. Não é “a” explicação para o problema exposto neste artigo, mas é, sim, uma explicação bastante plausível.

Esse livro tem menos de 200 páginas e mais socos emocionais que uma série inteira

Esse livro tem menos de 200 páginas e mais socos emocionais que uma série inteira

Em “História da Loucura” (1961), Michel Foucault (1926-1984) argumenta que só foi possível estabelecer a diferença entre razão e insânia por meio de uma análise bastante detalhada do comportamento humano. Oito décadas anos antes de Foucault, Machado de Assis (1839-1908) soube enxergar com fina argúcia os riscos da intolerância no que toca ao dédalo de teorias acerca da mente do homem. Com humor ácido, ironia refinada e batendo forte na hipocrisia, O Bruxo do Cosme Velho discute em “O Alienista” (1882) o que de fato vem a ser razão e loucura e em que medida a ciência deve ser responsabilizada no estigma e na anatematização daqueles que não se enquadram nos modelos estipulados pela sociedade.

Literatura cristã disfarçada de ficção: manipulação religiosa nos best-sellers inspiradores

Literatura cristã disfarçada de ficção: manipulação religiosa nos best-sellers inspiradores

A literatura sempre foi um poderoso veículo para transmitir ideias, valores e crenças. Dos épicos do Mundo Antigo aos romances dessa insana era contemporânea, autores usam a ficção como espelho de seu tempo e como meio de guiar consciências. Entre os muitos gêneros literários que povoam as prateleiras das livrarias, um nicho crescente e polêmico se destaca: a literatura cristã. Os autores que produzem literatura cristã disfarçada de ficção frequentemente recorrem a estratégias narrativas específicas para transmitir valores e crenças religiosas de forma sutil. Ateus, agnósticos ou fiéis de outras religiões são retratados como perdidos. Não, isso não é literatura.

Você não precisa terminar um livro chato! Por que abandonar leituras é libertador

Você não precisa terminar um livro chato! Por que abandonar leituras é libertador

Cada qual sabe onde aperta-lhe o sapato, diz a voz cava das ruas. A ideia de abandonar uma leitura no meio, em especial uma que vem tomando tempo e energia, é vista como um sinal de autoderrota, desleixo, preguiça ou falta de compromisso. A insistência em terminar livros que não agradam pode desencadear um efeito colateral perigoso: o bloqueio do hábito de ler. Quando a leitura fica arrastada, é comum que o leitor perca o ânimo por tudo quanto lembre o universo da palavra escrita e, aos poucos, deixe de ler por completo. Tudo é uma questão de discernimento, conceito a só tempo tão gasto e tão vital e que costuma dar em excelentes providências.