Autor: Fernando Machado

Thriller claustrofóbico canadense na Netflix termina em caos, desespero e puro pesadelo Divulgação / Couronne Nord

Thriller claustrofóbico canadense na Netflix termina em caos, desespero e puro pesadelo

“O Declínio” começa com Antoine, interpretado por Guillaume Laurin, treinando métodos de sobrevivência em casa enquanto registra tudo em vídeos que compartilha com seguidores. A impressão inicial é a de um homem comum tentando proteger a família de qualquer ameaça futura, mas seus hábitos silenciosamente revelam que essa preparação deixou de ser um hobby para se tornar uma obsessão. Ao receber um convite para um curso intensivo de sobrevivencialismo oferecido por Alain, vivido por Réal Bossé, ele aceita com a convicção de quem acredita estar dando um passo importante em direção à segurança absoluta.

Redescoberto como fenômeno cult, clássico adolescente dos anos 90 renasce e ainda deixa muito filme recente no chinelo, na Netflix Divulgação / Columbia Pictures

Redescoberto como fenômeno cult, clássico adolescente dos anos 90 renasce e ainda deixa muito filme recente no chinelo, na Netflix

A vitalidade de um título como “Jovens Bruxas” permanece evidente quando se percebe como o filme articula inquietações típicas da adolescência com tensões sociais que ultrapassam o espaço escolar. O enredo parte de uma premissa reconhecível, mas é no modo como converte inseguranças individuais em experimentos de poder que se encontra seu verdadeiro motor. Sarah (Robin Tunney), recém-chegada a um colégio católico de Los Angeles, passa a circular entre jovens que veem na feitiçaria uma forma de reorganizar uma realidade que as humilha, limita ou simplesmente ignora.

Terror com Russell Crowe no Prime Video vai testar seus limites quando o relógio marcar três da manhã Jonathan Hession / Sony Pictures

Terror com Russell Crowe no Prime Video vai testar seus limites quando o relógio marcar três da manhã

“O Exorcista do Papa” se vale de um imaginário religioso familiar ao público para construir uma narrativa ancorada em dualidades que atravessam a história do próprio cinema de possessão: fé e ceticismo, disciplina e improviso, ordem institucional e desvios individuais. O enredo inicia com a presença de um sacerdote que, acostumado a transitar pelos bastidores da Igreja, entende os rituais não apenas como liturgia, mas como estratégia política.

Blockbuster épico volta a viralizar graças à Netflix e revela um cinema que Hollywood não faz mais Divulgação / Warner Bros.

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“Troia” retorna ao centro das atenções como um daqueles movimentos curiosos do imaginário coletivo, em que um filme já conhecido e discutido ganha novo fôlego e provoca um olhar renovado sobre sua própria existência. A revisita ao épico deixa evidente o contraste entre a ambição técnica do início dos anos 2000 e a lógica contemporânea dos grandes estúdios, agora mais inclinados ao serialismo, às franquias intermináveis e ao cálculo seguro de bilheteria. O longa, ao contrário, aposta no gigantismo como linguagem e encontra no excesso sua própria identidade, reconhecendo que a grandiosidade pode funcionar não apenas como forma, mas como substância narrativa.

Suspense com Ian McKellen desembarca na Netflix e desafia o espectador a acompanhar suas viradas Divulgação / BRON Studios

Suspense com Ian McKellen desembarca na Netflix e desafia o espectador a acompanhar suas viradas

“A Grande Mentira” parte de uma premissa simples: a confiança, quando manipulada, transforma-se em arma de longo alcance. O filme constrói seu percurso apoiado na figura de Roy Courtnay, cuja experiência em enganar revela mais do que esperteza; traduz um tipo específico de inteligência que prospera onde a ética perde densidade. A narrativa dedica seus primeiros movimentos a mapear esse terreno, investindo na relação entre o vigarista e a viúva Betty McLeish, que se torna, aos poucos, o centro de um jogo menos previsível do que parece.