Autor: Fernando Machado

O drama criminal mais afiado de Scorsese está no Prime Video — e conversa com 2025 mais do que nunca Divulgação / Universal Pictures

O drama criminal mais afiado de Scorsese está no Prime Video — e conversa com 2025 mais do que nunca

A primeira imagem de “Casino” estabelece de imediato a tensão que rege todo o filme: a promessa de controle confrontada com a evidência da desagregação. Essa dissonância orienta a trajetória de Sam “Ace” Rothstein (Robert De Niro), cuja confiança na lógica e no cálculo contrasta com a dinâmica imprevisível que sustenta Las Vegas. Ele acredita que um sistema pode ser conduzido como um mecanismo matemático; a narrativa se encarrega de demonstrar o limite dessa crença.

A volta do thriller que virou referência mundial em mistério e perturbação na Netflix Divulgação / Paramount Pictures

A volta do thriller que virou referência mundial em mistério e perturbação na Netflix

A inquietação provocada por “Ilha do Medo” não é resultado apenas do desfecho que reorganiza o sentido de tudo o que se viu, mas da maneira como a narrativa exige que o espectador revise a própria confiança na percepção. A construção de Andrew Laeddis, disfarçado na figura de Teddy Daniels, funciona como um dispositivo que tensiona a noção de lucidez ao extremo. Ao longo do filme, cada movimento do personagem conduz o público a uma investigação que parece se expandir de maneira lógica, quando, na verdade, opera como um círculo que retorna invariavelmente a um ponto traumático que o protagonista recusa a enfrentar.

Comédia romântica dos anos 1990 é nostalgia embalada de previsibilidade reconfortante, na Netflix Divulgação / Miramax

Comédia romântica dos anos 1990 é nostalgia embalada de previsibilidade reconfortante, na Netflix

A memória afetiva costuma interferir na percepção de certos títulos, especialmente quando foram consumidos numa fase em que o olhar crítico ainda estava em formação. Esse mecanismo ajuda a explicar por que tantos retornam a “Ela é Demais” com uma mistura de nostalgia e surpresa: o distanciamento torna evidente aquilo que a primeira experiência não permitia enxergar. O longa revela as limitações de um projeto que se apoia num enredo previsível e numa estrutura padronizada, mas também evidencia como um elenco jovem, ainda tateando seus lugares na indústria, conseguiu extrair algum vigor de um material claramente destinado ao entretenimento rápido.

Suspense clássico com Morgan Freeman reaparece na Netflix e ainda surpreende fãs de mistério Divulgação / Paramount Pictures

Suspense clássico com Morgan Freeman reaparece na Netflix e ainda surpreende fãs de mistério

A tensão que atravessa “Na Teia da Aranha” se sustenta menos pela engenhosidade de seus mistérios e mais pela capacidade de mobilizar um espectador treinado a identificar padrões num gênero marcado pela saturação. O interesse surge de uma contradição peculiar: o enredo se ancora em um investigador que opera em um nível quase inumano de dedução, mas o fascínio real provém da maneira como a narrativa tenta equilibrar essa inteligência improvável com um mundo que insiste em se reconfigurar conforme avança.

Luz, câmera, ação: comédia do Prime Video combina caos, risadas e ritmo acelerado Divulgação / WideAwake Pictures

Luz, câmera, ação: comédia do Prime Video combina caos, risadas e ritmo acelerado

A primeira impressão deixada por “Um Dia Fora de Controle” é a de um projeto que aposta na velocidade para compensar a fragilidade de sua arquitetura narrativa. O filme funciona como uma sucessão de estímulos imediatos, sempre empenhado em manter o espectador ocupado, mas raramente disposto a construir um sentido mais profundo por trás do caos que produz. A estrutura revela um interesse genuíno em criar dinamismo, embora esse impulso acabe desviando a atenção daquilo que poderia ter conferido densidade ao conjunto: as motivações, os vínculos e a própria lógica interna dos personagens.