Autor: Carlos Willian Leite

Talvez o algoritmo não esteja nos escondendo. Talvez só esteja nos ensinando a desaparecer

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Quando milhares de sites brasileiros — culturais, jornalísticos, científicos — viram sua audiência evaporar sem explicação, sem erro, sem aviso, o que se revelou não foi uma falha no sistema. Foi o próprio sistema funcionando com exatidão. O Discover foi vendido como uma ferramenta de descoberta. Mas a descoberta exige risco, exige abertura ao que é novo, ao que não se esperava, ao que talvez desconcerte. Isso dá trabalho. Não converte. Não segura o dedo rolando por 12 segundos. Então a curadoria virou conforto. E o conforto virou código. Mas o problema não é só o conteúdo leve. O problema é a reorganização secreta da superfície da internet.

5 livros que mudam o rumo de uma vida — e nenhum deles tem mais de 150 páginas

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Há livros que chegam tarde demais. Quando já aprendemos a sobreviver. Quando nos tornamos hábeis demais em fingir que não sentimos. A esses, agradecemos com reservas — como quem olha para trás e reconhece algo que teria feito diferença, mas agora… agora talvez seja tarde. Há outros, porém, que chegam como um corte. Discretos, finos, afiados. Não fazem alarde. São pequenos o bastante para caber no bolso, curtos o suficiente para serem lidos em uma tarde silenciosa. E, ainda assim, têm o poder de alterar o eixo — não do mundo, mas do que sentimos sobre ele.

6 livros tão belos e brutais que você vai desejar nunca tê-los lido — e, ainda assim, desejar relê-los para sempre

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Há livros que nos acolhem. Outros, nos empurram. E há os que fazem as duas coisas ao mesmo tempo — sem nos dar tempo para entender o que, afinal, sentimos primeiro. São obras que se aproximam devagar, quase com delicadeza, mas logo rasgam algo por dentro, como quem abre uma carta antiga que não se queria mais ler. Porque sabíamos. Sabíamos que doeria. Mas abrimos mesmo assim.

Não é um livro. É um sintoma, um organismo elétrico enterrado na sua cabeça Foto / Cosmin Bumbutz

Não é um livro. É um sintoma, um organismo elétrico enterrado na sua cabeça

O protagonista é um homem sem nome. Professor, sem alunos memoráveis. Escritor, sem obra publicada. Alguém que vive em Bucareste como quem respira o ar errado. A cidade, ali, não é cenário: é sintoma. Umidade que sobe pelas paredes, poeira de giz que se acumula na pele, salões públicos que cheiram a fungo e náusea. O mundo real range. Há algo nele que não encaixa — e a literatura não tenta consertar.

7 livros que pareciam suaves — até rasgarem algo que você nem sabia que existia

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Às vezes, um livro nos engana com a delicadeza de quem oferece abrigo — e, sem que percebamos, começa a desfiar as costuras do que julgávamos intacto. Há narrativas que se anunciam com doçura, como uma tarde morna em que nada parece à espreita. Mas então… algo range. Uma frase falha, uma cena muda o ar da sala. E o que parecia seguro, talvez até banal, ganha peso demais para ser ignorado.