Autor: André J. Gomes

Sobre aquelas coisas que a gente sabe mas faz questão de esquecer

Sobre aquelas coisas que a gente sabe mas faz questão de esquecer

Você sabe. Uma paixão não tem hora certa para acender e nem tempo exato de apagar. As crianças de colo não têm vergonha de cair no choro quando sentem tristeza, medo, dor e essas coisas que, por sua vez, não têm problema de aparecer sem avisar. Acredite. Quando você está triste ou está feliz, o clima lá fora nada tem a ver com isso. Na praia também chove, e a chuva está nem aí para as suas vontades. Apesar de toda a nossa empáfia, nossa pretensa segurança e nossas patéticas demonstrações de controle.

Essa felicidade que nos toma de assalto e devolve o que é nosso

Essa felicidade que nos toma de assalto e devolve o que é nosso

A vida passa e leva. É… a vida passa levando tudo. Leva embora nossos dias e nossas tardes e noites. Um a um, a vida leva nossos instantes mais altos, nossas conquistas e desgraças, nossos achados e perdidos, os melhores momentos, os piores episódios e os que ficam entre um e outro lado. Em sua chuva violenta e interminável dos segundos que viram minutos e se tornam as horas que formam os dias, e as noites que compõem as semanas e os meses e os anos que fazem uma existência, a vida inunda as ruas que se pavimentam em cada um de nós e as arrasta em sua torrente. Aos poucos, vai levando quem somos.

Lá vem a vida. Vem seguindo no passo manso das moças

Lá vem a vida. Vem seguindo no passo manso das moças

E então meu pai, que andava sumido no tempo, deu as caras numa lembrança. Disseram lá e cá que ele andava com saudade de mim. Saiu voando por cima das casas, feliz e triste, apertando os olhos para ver se me via lá de cima. Ah… meu pai. Aí me deu saudade de você. Mas foi saudade alegre. Saudade da graça das suas piadas sem graça, do perfume barato da sua loção pós-barba, do seu jeito de ver a vida seguindo no passo manso das moças. Aquelas moças da cidade nossa. Deu saudade.

Declaração universal dos direitos e deveres de amar

Declaração universal dos direitos e deveres de amar

Então um dia o mundo, ocupado com o que realmente importa, num momento de divina iluminação, há de reunir sem maior espalhafato não uma comissão de notáveis das ciências e da política, nem um séquito de respeitosos acadêmicos e pensadores superdotados, mas uma turma desprendida, formada por pessoas de modos simples, representando diferentes origens, profissões, faixas etárias e níveis sociais variados. Entre essa gente, nada além de dois ou três interesses comuns, coisas como a inutilidade das conversas à toa, a profundidade dos assuntos desconhecidos e, claro, a alegria incomparável de dar e receber amor.

Para Ariano Suassuna, um homem de ideias e sonhos

Para Ariano Suassuna, um homem de ideias e sonhos

Nesta terra da saúde que o cabra põe doente, onde morre tanta gente e a vileza nunca para, mulher apanha na cara e homem faz o que quer, um rei meio quixote, meio doutor, desceu da realeza pra ver de perto a pobreza, sentir toda a sua dor. E pra ajudar seu povo de um a um, tirou a coroa e saiu à toa, vestido de pessoa comum. Andando pra todo lado, de jeito santo e letrado, o rei feito andarilho viu o mundo, desceu ao fundo, cada pai e cada filho e cada mãe, ouviu o velho, ouviu o novo com paciência, gente de toda idade, pra entender de verdade a querência de seu povo.