No Prime Video: o filme ganhador de 3 Oscars que continua desconhecido Divulgação / Diamond Films

No Prime Video: o filme ganhador de 3 Oscars que continua desconhecido

Embora “Coda” possa parecer mais um filme sobre a dinâmica familiar e os laços que mantêm essas relações, ele oferece algo além do óbvio. Dirigido por Sian Heder, o longa explora temas universais como sonhos, tolerância e emoções intensas, mas faz isso de maneira que evita cair em clichês, mesmo sem se distanciar completamente de fórmulas já conhecidas.

Heder, ao criar “Coda”, não busca reinventar o gênero, mas sim oferecer uma nova perspectiva. O filme segue a estrutura típica do coming-of-age, com uma protagonista que enfrenta desafios únicos. No entanto, a história se destaca por abordar esses desafios de maneira que renova o olhar sobre o que essa jornada pode significar. Cada personagem é desenhado com uma complexidade que vai além das expectativas, e a comunicação, central no enredo, é explorada de maneira profunda e simbólica desde o título.

“Coda” é uma sigla para “child of deaf adults” (filho de pais surdos), uma condição que define a vida da protagonista Ruby, interpretada com sensibilidade por Emilia Jones. Ruby, uma jovem de dezessete anos, vive entre o amor pela música e suas responsabilidades familiares. A personagem enfrenta o dilema de seguir seu sonho, sabendo que isso pode afastá-la daqueles que ama. A comunidade ao redor de Ruby também desempenha um papel crucial, oferecendo suporte, mas também impondo limites que ela precisa aprender a desafiar.

A adaptação do francês “A Família Bélier” (2014) mantém a essência, mas Heder infunde uma autenticidade que diferencia “Coda” de outras histórias sobre a surdez como um desafio. Comparado a filmes como “O Som do Silêncio” (2020), “Coda” se destaca pelo realismo e a profundidade emocional trazidos pelo elenco. Marlee Matlin, Troy Kotsur e Daniel Durant, todos atores surdos, oferecem performances que dão ao filme uma autenticidade rara.

Ruby, prestes a terminar o ensino médio, é retratada como uma jovem que, apesar de seu talento e determinação, se vê em conflito com suas responsabilidades familiares. Trabalhando no barco de pesca da família e atuando como intérprete para seus pais e irmão, Ruby sente o peso de suas obrigações. A cidade de Gloucester, onde a história se passa, é um cenário que reflete a dureza da vida da protagonista, mas também o calor da comunidade que a cerca.

A virada em “Coda” ocorre quando Ruby descobre seu talento musical, um dom que ela sente ser impossível ignorar. A chance de estudar na Berklee College of Music, em Boston, representa para ela tanto um sonho quanto uma difícil escolha. A relação com Miles, um colega que compartilha de sua paixão pela música, acrescenta uma camada de complexidade, misturando amor juvenil com o desejo de seguir seu próprio caminho.

Eugenio Derbez, no papel do professor Bernardo Villalobos, é uma figura que, apesar de sua importância na trama, acaba destoando do tom naturalista do filme. Seu personagem, com diálogos por vezes forçados, introduz um elemento que poderia ser dispensável. No entanto, “Coda” permanece cativante, abordando questões difíceis com leveza e evitando os estereótipos comuns em histórias sobre surdos. O filme celebra a simplicidade e a resiliência de pessoas comuns, enquanto também inspira os sonhos que todos carregamos.


Filme: Coda (No Ritmo do Coração)
Direção: Sian Heder
Ano: 2021
Gênero: Drama/Coming-of-age
Nota: 9/10