Drama aterrador com Gwyneth Paltrow e Whoopi Goldberg é um dos filmes mais bonitos que você ainda não viu no Prime Video Divulgação / Polygram

Drama aterrador com Gwyneth Paltrow e Whoopi Goldberg é um dos filmes mais bonitos que você ainda não viu no Prime Video

Aceitar a morte é, sem dúvida, um dos maiores desafios enfrentados pela humanidade. Nunca estamos verdadeiramente prontos para ela, seja para lidar com a perda de quem amamos, seja para encarar nossa própria mortalidade. A morte é um mistério insolúvel; por mais que religiões, seitas, a ciência e diferentes credos proponham teorias sobre o que acontece após a vida, permanece impossível saber com certeza o que nos aguarda do outro lado. Talvez, não haja nada. E essa possibilidade já representa uma extinção complexa de nossa alma, de nossas memórias, de quem somos. Encarar o nada é tão difícil quanto aceitar a própria morte. O vazio e o esquecimento são dolorosos e aterradores.

“O Jogo da Verdade”, dirigido por David Anspaugh e escrito por Elle Simon, é um drama lançado em 1995 que explora esses temas através da história de um grupo de mulheres que encontram apoio emocional umas nas outras. Rebecca (interpretada por Elizabeth Perkins) é uma professora universitária que vive em um bairro residencial de Nova York com seu marido, Ben. Certo dia, pela manhã, Ben sai para fazer uma caminhada e não retorna. Preocupada, Rebecca sai de carro para procurá-lo e, ao encontrar um policial na beira da rodovia, é informada de que um homem foi atropelado e levado ao hospital mais próximo. Ela corre até o hospital, temendo o pior, e, ao confirmar que seu marido era a vítima do acidente, recebe a devastadora notícia de sua morte.

A tragédia, como sempre, vem de forma inesperada e abala profundamente Rebecca. Desolada, ela informa a amiga Silvye (Whoopi Goldberg), a irmã Lucy (Gwyneth Paltrow) e a madrasta Alberta (Kathleen Turner), que prontamente se reúnem para apoiá-la. A primeira conversa entre elas, após a notícia, parece tão surreal quanto a própria tragédia: há um comentário sobre Rebecca estar “murcha como uma viúva” e elogios à nova jaqueta de marca de Lucy. Rebecca, ainda em estado de choque, não consegue processar completamente a magnitude de sua perda. As quatro se sentam do lado de fora do quarto de Rebecca, pois ela não tem coragem de abrir a porta e confrontar o lugar onde estivera pela última vez com seu marido, onde haviam feito amor naquela manhã. Abrir a porta e ver tudo como ele deixou antes de sair para a caminhada seria, para ela, a consolidação da morte. Seria tornar a perda real.

É Alberta quem dá a Rebecca a coragem necessária para entrar no quarto e encará-lo, agora vazio da presença definitiva de Ben. Alberta é uma mulher de negócios, pragmática, que valoriza a vida prática acima das emoções. Embora tenha se divorciado do pai de Rebecca e Lucy, ela manteve-se próxima da família. Agora, no luto por Ben, ela se torna uma figura central na vida das enteadas, ajudando-as a recomeçar, apesar de sua relação conturbada com Lucy.

O filme acompanha o decorrer de um ano na vida dessas mulheres. Rebecca, aos poucos, retoma a normalidade e volta a dar aulas na universidade; Silvye enfrenta dificuldades em seu casamento, que a levam à beira do divórcio; Lucy, por sua vez, envolve-se romanticamente com um dos alunos de sua irmã, Steven (Jeremy Sisto); e Alberta, enquanto isso, luta para manter-se próxima das enteadas. Cada uma delas constrói sua história com o apoio mútuo que compartilham. Tornam-se confidentes e conselheiras umas das outras, unidas pela dor e pela necessidade de seguir em frente.

“O Jogo da Verdade”, no Prime Video, é um retrato sensível das nuances do luto e da importância das amizades femininas. O filme destaca o vínculo profundo e a identificação que as mulheres encontram umas nas outras, mostrando como esses laços as ajudam a superar os desafios da vida e a seguir em frente, mesmo diante das adversidades mais dolorosas.


Filme: O Jogo da Verdade
Direção: David Anspaugh
Ano: 1995
Gênero: Drama
Nota: 8

Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.