Thriller de ação com Angeline Jolie, na Netflix, foi visto por mais de 30 milhões de pessoas nos cinemas Divulgação / Columbia Pictures

Thriller de ação com Angeline Jolie, na Netflix, foi visto por mais de 30 milhões de pessoas nos cinemas

Durante a Guerra Fria (1947-1991), diversos filmes e livros exploraram a tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética, com histórias que frequentemente sublinham a luta ideológica e as intrigas dos serviços secretos. No filme “Salt”, a protagonista encarna a complexidade desses tempos: uma espiã com lealdades divididas entre o autoritário regime russo e o libertino sistema capitalista americano. Perseguida por agentes de todo o mundo, Evelyn Salt, interpretada por Angelina Jolie, navega uma série de reviravoltas e desafios mortais.

Desde o início do filme, Salt é retratada em situações extremas. No prólogo, ela é torturada em um escuro e úmido porão na Coreia do Norte, refletindo as brutais condições dos regimes autoritários. Sua inesperada libertação por ordem de Kim Jong-il, então líder norte-coreano, ocorre sem explicações claras, deixando a personagem e o público em suspense. O resgate, financiado por um esforço diplomático americano, leva Salt de volta à liberdade, onde é recebida por seu marido, Mike Krause, um biólogo alemão naturalizado americano, interpretado por August Diehl.

A trama se complica quando Oleg Vassilyevich Orlov, um influente gângster russo, entra em cena. O encontro com Orlov marca um ponto de virada na vida de Salt, transformando-a de uma agente da CIA em uma fugitiva. As cenas de perseguição que se seguem são intensas e bem coreografadas, destacando as habilidades físicas e a astúcia da protagonista enquanto ela tenta escapar de seus perseguidores, incluindo antigos colegas da CIA.

O roteiro, assinado por Kurt Wimmer, explora a dualidade da personagem principal, ao mesmo tempo que desenvolve uma narrativa repleta de ação e suspense. As memórias de Salt e Krause em tempos mais tranquilos são entremeadas à trama, fornecendo um contexto emocional para as ações frenéticas da personagem. Essas lembranças ajudam a construir a profundidade da relação entre os dois, ilustrando o contraste entre a vida pessoal e os deveres profissionais de Salt.

Ted Winter, interpretado por Liev Schreiber, emerge como um adversário formidável. Como alto funcionário da CIA, Winter representa a organização que agora persegue Salt, acreditando que ela se voltou contra os Estados Unidos. Os confrontos entre Salt e Winter são cruciais para a narrativa, com cada cena aumentando a tensão e a incerteza sobre a verdadeira lealdade de Salt. O jogo de gato e rato entre os dois mantém o espectador à beira do assento, questionando constantemente quem é amigo e quem é inimigo.

Além do suspense e da ação, “Salt” também levanta questões sobre identidade e lealdade em um mundo onde as linhas entre o bem e o mal são frequentemente nebulosas. A protagonista não é uma heroína tradicional; suas motivações são complexas, e suas ações, muitas vezes, moralmente ambíguas. Essa ambiguidade é uma marca registrada dos filmes de espionagem da era da Guerra Fria, onde os personagens frequentemente operam em zonas cinzentas éticas.

O filme de Phillip Noyce consegue capturar a paranoia e a incerteza desse período histórico, enquanto oferece uma história envolvente e cheia de reviravoltas. As atuações fortes, especialmente de Angelina Jolie e Liev Schreiber, dão vida a personagens multifacetados que mantêm o público investido do início ao fim.

“Salt” arrecadou impressionantes 294 milhões de dólares nas bilheteiras, uma cifra que atesta seu apelo global e a eficácia de seu enredo. Considerando um preço médio de ingresso de 10 dólares, isso sugere que cerca de 29,4 milhões de pessoas assistiram ao filme nos cinemas, tornando-o um sucesso comercial significativo. Este número reflete não apenas a popularidade de filmes de espionagem, mas também o contínuo fascínio pelas narrativas complexas da Guerra Fria.

“Salt”, na Netflix, é uma exploração bem-sucedida das dinâmicas de espionagem e traição, encapsulando as incertezas e tensões de um mundo dividido por ideologias concorrentes. A combinação de ação, suspense e profundidade emocional torna o filme uma adição memorável ao gênero, oferecendo ao público uma perspectiva moderna sobre as intrigas do passado.


Filme: Salt
Direção: Phillip Noyce
Ano: 2010
Gêneros: Ação/Mistério
Nota: 9/10