O filme de Yorgos Lanthimos que rendeu a Olivia Colman o Oscar de Melhor Atriz em 2019, “A Favorita”, é um épico biográfico centrado na vida da rainha Ana, que governou a Inglaterra de 1702 a 1714. O foco da narrativa é o triângulo amoroso entre a rainha Ana (Colman), Sarah Churchill (Rachel Weisz) e Abigail Hill (Emma Stone).
Ambientado durante a guerra entre Inglaterra e França, a frágil rainha Ana é constantemente influenciada por Sarah, uma aristocrata com quem tem um caso. Sarah, além de ser a amante da rainha, assume a liderança nos assuntos políticos e estratégias diplomáticas. É ela quem oferece uma chance a Abigail, uma jovem que, apesar de ter nascido em uma família nobre, caiu em desgraça financeira e social.
Ao ser acolhida por Sarah, Abigail se torna serva de Ana, mas usa de sua astúcia para manipular as emoções da rainha e se envolve sexualmente com ela, visando restaurar seu status aristocrático. À medida que a relação entre Ana e Abigail se aprofunda, surge uma intensa rivalidade entre Sarah e Abigail pela atenção da rainha. Abigail, determinada a recuperar sua posição, está disposta a tudo para escalar a pirâmide social novamente.
“A Favorita” foi amplamente aclamado pela crítica, oferecendo uma perspectiva inovadora sobre a história. O estilo excêntrico de Lanthimos permite atuações espontâneas e inovadoras de personagens complexos, movidos por egoísmo, ambição, desejo e inveja. Apesar de estar no ápice da hierarquia social, a rainha Ana é a figura mais vulnerável e manipulável, mas demonstra uma clareza em seus desejos pessoais. Suas tragédias pessoais — a perda do marido, filhos e a deterioração de sua saúde — a empurram para uma busca incessante por satisfação pessoal, frustrando os planos de Sarah, sua aliada mais próxima.
O uso de lentes grande angulares pelo diretor de fotografia Robbie Ryan proporciona ao espectador uma visão completa das cenas, aumentando a imersão na história enquanto distorce a imagem. Essa escolha realça a grandiosidade e ostentação dos ambientes reais, revelando cada detalhe dos luxuosos interiores, desde os gessos ornamentados até os móveis majestosos e as paredes douradas. A distorção das imagens também contribui para uma sensação de surrealismo e excentricidade, características marcantes do filme.
Emma Stone entrega uma atuação de grande dualidade. Embora sua posição social inicial seja de fragilidade e exclusão, ela é suficientemente esperta para manipular as situações a seu favor. Sua personagem, Abigail, combina astúcia e malícia para contornar os desafios e atingir seus objetivos.
A forma como a câmera explora os labirintos do palácio é outro destaque visual. As lentes abertas fazem os corredores parecerem intermináveis e deformados, as portas enormes e os quartos incrivelmente majestosos. Essa escolha de cenário acentua o jogo de poder e influências traiçoeiras. “A Favorita” é visualmente deslumbrante, com um enredo intrigante e atuações fascinantes que garantem uma experiência cinematográfica memorável.
Além de seu impacto visual e narrativo, “A Favorita”, na Netflix, demonstra sua capacidade de reimaginar figuras históricas com profundidade psicológica, explorando as complexidades das relações humanas e as intrigas políticas da época. A combinação de direção, atuação e cinematografia faz do filme uma peça única no cinema contemporâneo, refletindo a habilidade de Lanthimos em criar obras que desafiam e envolvem o público de maneira inigualável.
Filme: A Favorita
Direção: Yorgos Lanthimos
Ano: 2018
Gênero: História/Drama/Comédia
Nota: 9/10