O melhor suspense da Netflix em 2024 fará você se sentir dentro de um livro de Agatha Christie Divulgação / Aurum Film

O melhor suspense da Netflix em 2024 fará você se sentir dentro de um livro de Agatha Christie

Desde tempos remotos, acontecimentos enigmáticos e violentos têm fascinado o cinema. Agatha Christie (1890-1976), mesmo após quase meio século de sua morte, continua a ser uma fonte prolífica para inúmeras narrativas que cativam o público inicialmente pelo visual, seguido pelo intelecto, e até pelo instinto, embora não necessariamente pela culinária refinada. Um corpo encontrado em uma praia serena seria uma excelente inspiração para a Dama do Crime, e essa parece ter sido a ideia que Małgorzata Oliwia Sobczak teve ao conceber “Czerwień” (“vermelho”, traduzido do polonês), um romance policial lançado em 2019.

Cinco anos depois, Adrian Panek traduz a tensão literária de Sobczak em “As Cores do Mal: Vermelho”, criando uma sequência de pequenos choques até que todas as peças do quebra-cabeça se encaixem, revelando uma verdade bastante perturbadora. O roteiro, escrito por Panek e Lukasz M. Maciejewski, utiliza o livro de Sobczak para explorar a interação entre poder, corrupção e elementos do submundo, mas ao mesmo tempo estabelece uma identidade única para o filme, mesmo que em alguns momentos a trama pareça um tanto entrelaçada.

Situado em Tricidade, uma área urbana na voivodia da Pomerânia, ao norte da Polônia, o detetive Leopold Bilski é designado para investigar um possível homicídio. Nesse local entre Gdansk, Gdynia e Sopot, o mar Báltico é a única testemunha dos momentos finais de Monika Bogucka, mostrada em um longo flashback enquanto bebe em uma boate. Gradualmente, Bilski se convence de que a morte de Monika esconde muito mais do que a polícia está disposta a admitir.

Embora os personagens de Jakub Gierszał e Zofia Jastrzębska nunca se cruzem diretamente no primeiro ato, ambos estão sempre presentes. A audácia de Monika pode fornecer pistas sobre o que lhe aconteceu. Jastrzębska entrega uma anti-heroína cuja petulância doce leva a um final trágico, marcado por um detalhe macabro. Quando o corpo, de bruços na areia pedregosa típica das praias do Leste Europeu, é virado, revela-se que a jovem está sem os lábios.

O diretor desenvolve o sombrio segredo que envolve a morte de Monika, introduzindo Helena Bogucka, uma figura possivelmente mais enigmática que a própria vítima. Helena, mãe da desafortunada Monika e uma influente em Tricidade, torna-se a aliada que Bilski precisava. Maja Ostaszewska, interpretando Helena, compartilha com Gierszał as melhores cenas do filme, que seguem a tradição do suspense clássico promovido por Christie, repletas de um tom sombrio que se adequa perfeitamente. Embora não seja exatamente inovador, o filme consegue instigar os sentidos de maneira eficaz.


Filme: As Cores do Mal: Vermelho
Direção: Adrian Panek
Ano: 2024
Gêneros: Drama/Suspense/Policial 
Nota: 8/10