Desligue o cérebro e assista ao último filme de uma das franquias mais famosas do cinema, que acaba de chegar à Netflix Divulgação / Sony Pictures

Desligue o cérebro e assista ao último filme de uma das franquias mais famosas do cinema, que acaba de chegar à Netflix

Hollywood viu nas tramas com atiradores de elite da polícia um filão lucrativo, alimentado por um público sempre disposto a comprar ingresso para assistir às inúmeras produções em que os personagens centrais invalidam planos de ataques ao sistema financeiro, roubos a bancos e atentados terroristas em que nem sempre os agressores terminam estraçalhados junto com suas bombas.

Todos os anos, filmes assim deixam os estúdios prontos para arrebanhar os fãs de sempre, levando algum novo admirador ou curioso no balaio, mas duas constatações se fazem sentir: 1ª) são cada vez menos numerosas as franquias que rompem o gelo da mesmice e provocam emoções verdadeiramente novas; 2ª) é cada vez maior a desconfiança das megadistribuidoras quanto ao suposto vigor que esses blockbusters ainda possam ter, o que se traduz num aporte de dinheiro muito menor.

“S.W.A.T — Operação: Escorpião”, a despeito das transformações do mercado, consegue vencer as barreiras mais e mais altas da recentíssima onda de saturação de certos modelos, somada, claro, à reconfiguração da forma mesma de se consumir entretenimento, e encontra um meio de ainda cativar quem ainda se deixa envolver por essas histórias.  Tony Giglio conclui a franquia jogando luzes sobre o homem misterioso que protagoniza seu filme, a oxigenação possível, com as boas sequências de ação que permite o orçamento relativamente magro.   

Liderada por Travis Hall, a equipe S.W.A.T. acaba de deter o Escorpião, um criminoso cujo potencial ofensivo ainda não conhecem direito. Os roteiristas Jonas Barnes e Keith Domingue se fixam neste núcleo até a metade dos 89 minutos, dando aos personagens de Sam Jaeger e Michael Jai White um destaque excessivo.

O segundo ato ganha um pouco mais de cadência no momento em que Lars, o terrorista vivido por Matthew Marsden, deixa clara sua intenção de eliminar o Escorpião sem esperar que o Departamento de Justiça americano deem-lhe a essa licença. A DEA é avisada sobre uma carga de entorpecentes num armazém local, mobilizando o grupamento de elite da polícia e seu farto arsenal pesado, com submetralhadoras, rifles, granadas de mão e gás lacrimogêneo.

Em várias ocasiões, “S.W.A.T — Operação: Escorpião” lembra os áureos dias de S.W.A.T. (1975-1976), de Robert Hamner (1928-1996) e Lee Stanley, a série exibida pela ABC, ou de sua versão 2.0, de 2017, de David Ayer e David McKenna, levada ao ar pela CBS. Mas com quase nada daquele, vá lá, glamour.


Filme: S.W.A.T –— Operação: Escorpião
Direção: Tony Giglio
Ano: 2017
Gêneros: Ação/Thriller
Nota: 7/10

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.