O filme mais surpreendente da Netflix e você não assistiu Karen Ballard / Netflix

O filme mais surpreendente da Netflix e você não assistiu

“O Cerco de Jadotville” é um filme de 2016, dirigido por Richie Smyth e escrito por Kevin Brodbin e Declan Power, inspirado na controversa história real da missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no contexto da crise congolesa. Ambientado nos anos 1960, no território onde hoje é Likasi, no Congo, o filme narra a sangrenta batalha enfrentada pela Companhia A, uma equipe irlandesa das ONU, que ocupava uma base militar na cidade, que na época se chamava Jadotville.

Após o país sofrer um golpe de Estado, e o novo governo de Tchombe não receber apoio ou reconhecimento das Nações Unidas, um exército de mais de 1.500 soldados catangueses é ordenado a atacar a companhia irlandesa, liderada pelo comandante Pat Quinlan (Jamie Dornan) e com apenas 150 soldados sem experiência de guerra.

Durante seis dias, os irlandeses tiveram de lutar sem munição e armas suficientes, sem remédios e sem suprimentos. Conor Cruise O’Brien (Mark Strong), representante na Katanga de Dag Hammarskjöld (Mikael Persbrandt), secretário-geral das Nações Unidas, havia recebido diversos pedidos de socorro do comandante Quinlan em relação ao cerco. Mesmo assim, segundo o filme, O’Brien os abandonou à própria sorte no campo de batalha. Na mesma época, o avião em que Hammarskjöld viajava foi abatido. Ele e todos os outros passageiros do voo morreram.

Para fazer o filme, o diretor colocou o elenco de atores para fazer treinamento militar, o que durou meses. Smyth ainda nomeou Dornan como superior, para que a equipe já criasse toda a dinâmica que se estenderia durante as gravações. Entre os soldados está Conor Quinlan, neto de verdade de Pat Quinlan, o comandante da companhia atacada em Jadotville.

A equipe de produção teve acesso a um registro de rádio real da época, com informações sobre o conflito no Congo, que foi contrabandeado por Quinlan. O registro foi cedido à equipe por Leo, filho do comandante. Além disso, algumas das armas usadas no longa-metragem realmente foram manuseadas na batalha. Até mesmo, porque elas são raras e tiveram de ser adquiridas na África.

A história de Jadotville é controversa, porque há rumores, inclusive, de que a própria ONU planejou sabotar a companhia irlandesa, enviada para proteger colonos brancos da região. No entanto, quando os irlandeses chegaram no local, descobriram que as pessoas a quem eles deveriam salvaguardar não apenas não os queriam ali, mas também o receberam com hostilidade. Então, há dúvidas se a ONU foi realmente incompetente ou se armou, de fato, contra a própria companhia.

“O Cerco a Jadotville” foi a primeira produção original Netflix irlandesa e recebeu aclamação da crítica, além de ter sido premiado pelo Irish Film & Television Network nas categorias de melhor diretor revelação, melhor ator coadjuvante e melhores efeitos visuais.

Richie Smyth, embora seja um experiente realizador de audiovisual nas áreas de comerciais e videoclipes, nunca tinha feito um longa-metragem. Essa foi sua estreia, marcando um início bem-sucedido para sua carreira no cinema. O diretor, que tem dois filmes ainda em processo de produção, contou que levou aproximadamente 7 anos para realizar “O Cerco de Jadotville” e que pretende continuar sua trajetória em longas-metragens, afinal, é um grande fã de Stanley Kubrick.


Filme: O Cerco a Jadotville
Direção: Richie Smyth
Ano: 2016
Gênero: Guerra
Nota: 9/10