O pioneiro “Viagem à Lua” (1902), de Georges Méliès, mesmo com toda a despretensão, amadorismo e frugalidade técnica de seus 18 minutos, intrigou a sociedade da época e enlouqueceu muita gente, também pelo ineditismo do que se tinha ali: uma outra realidade exposta numa tela grande por meio de um projetor. A Bula escolheu cinco exemplos de filmes que podem até não ter como propósito primeiro deixar ninguém encafifado, mas que a mufa sai chamuscada, sai. A lista não obedece a critérios de classificação. Assista, reflita e vamos trocar uma ideia.
Imagens: Divulgação / Reprodução Netflix
Mary Cybulski / NetflixQuem gostou de “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” vai aprovar o filme de Kaufman, adaptação do romance de estreia do escritor canadense Iain Reid sobre uma mulher que depois de seis ou sete semanas quer terminar o relacionamento, mas mesmo assim aceita viajar para conhecer a fazenda dos pais do namorado, o que vai fazê-la repensar muitas coisas, o que suscita um fluxo de pensamentos monomaníacos que incluem, sim, romper com o parceiro, mas sugere também mudanças muito mais profundas.
Divulgação / NetflixEm “O Discípulo”, o diretor indiano Chaitanya Tamhane examina a vida de um artista em formação. O jovem Sharad Nerulkar quer se aperfeiçoar no raga, a música erudita da Índia, uma manifestação artística, mas também uma prática que visa a alcançar a elevação do espírito. Sharad busca ser o melhor em seu ofício, estudando as lições de uma grande cantora lírica indiana, que deixou apenas uma gravação de seu trabalho.
Divulgação / NetflixEm tempos de insegurança crítica que beira a paranoia, o longa de Andrew Niccol expõe um tema intrigante. No filme, um sistema de vigilância extrema liquidou qualquer hipótese de se burlar a lei. Até que um detetive encontra uma mulher responsável por uma grande descoberta: uma falha nesse super Big Brother que põe a perder a ordem social. Voltando ao começo desta resenha, o tema é intrigante porque fica a reflexão: até que ponto é válido se deixar persuadir pelo discurso da intervenção do Estado na intimidade do cidadão comum.
Divulgação / NetflixEm “Tempo Compartilhado”, dois homens unem forças para resgatar seus familiares de um lugar paradisíaco quando ficam convencidos de que um conglomerado americano quer expulsá-los dali. Uma crítica acerba à indústria de sonhos artificiais consumidos sob a forma de férias perfeitas por uma sociedade hedonista, ávida por prazer a qualquer custo. Neste terror nada convencional, a ação sucede à luz do surrealismo, ou feito uma comédia bizarra, que provoca risos involuntários.
Divulgação / NetflixNo segundo longa de Charlie McDowell, estão em tela os dramas de uma sociedade perdida, cansada e obcecada por algum alento. A possibilidade concreta de prolongamento da vida após a morte, comprovada pelo cientista Thomas Harber (Robert Redford) leva muita gente a cometer suicídio. Ele não se acha o responsável nem parece sentir remorso pelos milhões de mortos e quer divulgar ainda mais sua grande descoberta. Entretanto, uma entrevista ao vivo o convence de que seu experimento carece de ajustes.




