Discover
Passe os últimos dias do ano gargalhando: comédia besteirol na Netflix vai te fazer virar 2025 de bom humor Divulgação / Paramount Pictures

Passe os últimos dias do ano gargalhando: comédia besteirol na Netflix vai te fazer virar 2025 de bom humor

“A Ressaca 2” retoma a história exatamente do ponto em que a comédia anterior parecia ter se encerrado de maneira definitiva. Lou Dorchen (Rob Corddry) agora é um empresário rico graças às consequências inesperadas da viagem temporal original, enquanto Nick Webber-Agnew (Craig Robinson) e Jacob Yates (Clark Duke) orbitam esse novo centro de poder com diferentes níveis de oportunismo e ressentimento. A aparente estabilidade é interrompida quando Lou é baleado em circunstâncias misteriosas, evento que empurra o trio de volta à banheira do tempo como último recurso para evitar a morte do amigo.

Deslocamento temporal como artifício desgastado

A tentativa de retornar ao passado falha, e os personagens acabam projetados dez anos no futuro. Esse desvio acidental redefine a lógica da narrativa: em vez de corrigir erros anteriores, eles precisam entender um mundo moldado por escolhas que ainda não lembram de ter feito. O futuro apresentado é deliberadamente exagerado, com tecnologia caricata, costumes distorcidos e versões extremas das próprias personalidades do grupo. A viagem no tempo deixa de ser motor dramático e passa a funcionar como licença para o acúmulo de situações arbitrárias, menos interessadas em progressão narrativa do que em sucessão de estímulos.

A ausência de Adam Yates, vivido por John Cusack no primeiro filme, provoca um desequilíbrio perceptível. Lou assume o protagonismo absoluto, e Rob Corddry conduz o personagem por meio de agressividade verbal, impulsividade e humor escatológico constante. O problema não está na intensidade, mas na falta de contraste. Nick, antes responsável por algum comentário crítico, se limita a acompanhar o fluxo, enquanto Jacob perde parte da função racional que o definia, reduzido a observador passivo do caos gerado pelo pai e pelos amigos.

A introdução de Adam Jr. (Adam Scott), filho do personagem de Cusack, tenta preencher esse vazio estrutural. Apresentado como um sujeito inseguro e socialmente deslocado, ele se junta ao grupo na busca pelo responsável pelo atentado contra Lou. Adam Scott entrega uma interpretação controlada, mas o personagem nunca se integra de fato ao núcleo central. Sua presença serve mais como mecanismo narrativo do que como elemento transformador da dinâmica coletiva.

Investigação sem consequência

A trama avança por meio da tentativa de descobrir quem matou Lou no futuro e por qual motivo, levando o grupo a confrontar versões ainda mais degradadas de si mesmos. Quando a verdade é revelada, a resolução surge de forma apressada e sem impacto duradouro. Não há aprendizado, mudança real ou redefinição de relações. O encerramento restaura um estado de normalidade artificial, reforçando a sensação de que todo o percurso serviu apenas como pretexto para excessos.

Limites evidentes da proposta
“A Ressaca 2” aposta na amplificação do que já era extremo, mas ignora que repetição sem variação tende ao esvaziamento. A comédia funciona em momentos pontuais, sustentada pelo empenho do elenco, mas deixa claro que a ideia original já havia se esgotado. O filme não fracassa por ambição desmedida, e sim por insistir em uma fórmula que já não oferece resistência nem surpresa. O resultado é um entretenimento passageiro, marcado mais pelo volume do que pela permanência.

Filme: A Ressaca 2
Diretor: Steve Pink
Ano: 2015
Gênero: Comédia/Ficção Científica/Mistério
Avaliação: 7/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fernando Machado

Fernando Machado é jornalista e cinéfilo, com atuação voltada para conteúdo otimizado, Google Discover, SEO técnico e performance editorial. Na Cantuária Sites, integra a frente de projetos que cruzam linguagem de alta qualidade com alcance orgânico real.