7 filmes na Netflix que vão te deixar em coma existencial (e você vai querer mais) Divulgação / Aluna Entertainment

7 filmes na Netflix que vão te deixar em coma existencial (e você vai querer mais)

Ser livre não é um privilégio, mas um eterno confronto com o peso e as implicações do estar no mundo. A liberdade absoluta seria um flagelo, um vale-tudo que autorizaria gestos hediondos em nome do riso bestial e do gozo rápido durante uma vida curta de solidão, sordidez e violência. O homem tenta esquivar-se de seu maldito direito à inescapável autonomia procurando exaustivamente por doutrinas, concentrando-se em rituais, fazendo-se e refazendo-se conforme o espaço que ocupa.

Isso implica, por consequência, estar sempre diante da necessidade de escolher, agir e responder por suas decisões — mesmo nas ocasiões em que não escolhe nem age.

Nesse movimento, valores se perdem, certezas viram pó. Movido por medo, rancor ou ódios, há quem não distinga justiça de vingança, fé de dominação, moralidade de hipocrisia. Florescem as ideologias totalitárias, petrificam-se as emoções, a dúvida transforma-se em crime. Preconceitos enganam ao vender a ideia de pureza como uma promessa de felicidade, exigindo em troca subserviência incondicional e mudez da razão. As falsas verdades distorcem e redefinem a natureza das coisas, e opiniões são tidas por armas, de que se lança mão contra tudo que é diferente.

A lógica do consumo e da produtividade colabora para que nos sintamos mais e mais desumanizados, peças substituíveis numa engrenagem que sobrevaloriza resultados e desdenha vidas. Fomos desaprendendo a reconhecermo-nos no outro. A sensibilidade cedeu lugar à pressa, e a ética foi arrastada pelos demônios da competição. O mundo avança sob a perspectiva tecnológica, enquanto vai ladeira abaixo no que já apresentou de admiravelmente belo. Nesta lista figuram sete produções no catálogo da Netflix que questionam esse novo homem, isolado, melancólico, preso em seu universo distante. São filmes que, de uma maneira ou de outra, fomentam perguntas sobre a instável condição humana. E perguntar é a primeira atitude para que se deixe a letargia e volte-se à realidade.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.