Quem nunca fantasiou sobre pertencer a outra era? Roupas, arquitetura, vocabulário… hoje tudo parece um eco pálido de tempos mais refinados, não é mesmo? Os filmes de época oferecem uma ponte entre o agora e o outrora: uma viagem por séculos de elegância, intriga e desejo, com figurinos que parecem pinturas em movimento em tramas que revelam a constância das paixões humanas.
A Revista Bula selecionou na Netflix filmes que são mais que uma fuga estética, mas narrativas que recriam sociedades em que o poder, o amor e a reputação se entrelaçam, expondo o eterno conflito entra aparência e sentimento, dever e liberdade. Ver esses filmes é se permitir sentir nostalgia de histórias inventadas. Uma melancolia que não vem da memória, mas da imaginação.
Cada uma dessas histórias resgatam o modo de viver em que as palavras tinham peso e os silêncios eram cheios de significado. Entre véus e espartilhos, se escondiam os impulsos que o movem o presente: ambição, vaidade, desejo e medo. Nessa seleção, revisitamos reinados e salões, lagos e prisões, cartas e conspirações. Beleza visual e densidade emocional se unem para encantar quem sente que nasceu no tempo errado.

Numa corte em busca de alianças vantajosas, um pintor é contratado por uma duquesa ambiciosa para ensinar o príncipe a conquistar o amor. Sua missão, porém, transforma-se em um jogo perigoso quando ele se envolve com uma jovem misteriosa que vive à margem das regras e cuja pureza desafia sua ironia e vaidade. Entre retratos e confissões, o artista descobre que o poder da sedução não se encontra apenas na aparência, mas na delicadeza dos gestos e na coragem de ser verdadeiro. O idílio entre eles nasce em segredo, cercado de intrigas, até que a verdade sobre a identidade da moça ameaça a estabilidade da corte, e o próprio destino dos dois.

Oito anos após abrir mão do homem que amava por obediência familiar, uma jovem mulher vê sua vida transformada quando o destino coloca o antigo pretendente novamente em seu caminho. Cercada de convenções sociais e lembranças que insistem em reaparecer, ela tenta equilibrar a razão que a guiou com o sentimento que nunca a deixou. Entre jantares e passeios à beira-mar, reencontra não apenas o passado, mas a si mesma, em um retrato delicado sobre segundas chances e o valor de reconhecer o próprio desejo antes que o tempo o leve embora.

Em meio à elegância da aristocracia francesa, uma mulher respeitada decide se vingar de um amante infiel usando as mesmas armas da sedução que um dia a feriram. Sua estratégia, contudo, transforma-se em um labirinto emocional quando o jogo de dissimulações passa a revelar sentimentos verdadeiros e contradições que ela não esperava enfrentar. Entre bailes e cartas trocadas em segredo, o desejo e o orgulho se confundem, e a vingança perde o gosto quando o amor, novamente, se insinua. Um retrato refinado sobre a arte de manipular corações, e ser, inevitavelmente, manipulada por eles.

Enquanto uma jovem rainha retorna ao trono escocês após anos de exílio, sua prima governa a Inglaterra com punho firme e aura de autoridade incontestável. Entre elas, forma-se um duelo silencioso, tão político quanto emocional, em que cada decisão reflete o peso de um império e o custo da feminilidade em um mundo governado por homens. A rivalidade cresce entre conselhos, traições e tentativas de reconciliação, até se tornar uma batalha pela sobrevivência simbólica. No fim, o poder revela-se uma prisão dourada, e a coroa, uma maldição compartilhada entre duas mulheres que jamais puderam ser livres.

Na efervescência dos anos 1920, uma aspirante a cantora vê sua vida mudar ao cometer um crime passional que a leva diretamente para o centro das manchetes. Na prisão, ela encontra uma dançarina famosa, igualmente envolvida em escândalo e espetáculo, e as duas transformam a tragédia em performance. Manipulando a opinião pública e explorando a teatralidade da justiça, ambas descobrem que a fama é a moeda mais valiosa da cidade. O brilho dos holofotes se mistura à escuridão da culpa, mostrando que, em um mundo movido por aplausos, a verdade importa menos que o ritmo certo de uma canção.