Romance com Dakota Johnson e Pedro Pascal que arrecadou nas bilheterias 4 vezes o próprio orçamento acaba de chegar na HBO Max

Romance com Dakota Johnson e Pedro Pascal que arrecadou nas bilheterias 4 vezes o próprio orçamento acaba de chegar na HBO Max


Vidas Passadas” é um dos romances mais aclamados dos últimos anos, por aprofundar em temas como pertencimento, idealização do amor romântico e identidade, em um drama com diálogos incríveis e visualmente deslumbrante e íntimo. O longa de estreia de Celine Song na direção, obviamente, gerou muitas expectativas quando ela anunciou seu segundo romance, “Amores Materialistas”, lançado em 2025. Com uma pegada mais comercial, inclusive pelo elenco estelar formado por Dakota Johnson, Chris Evans e Pedro Pascal, o filme provocou uma onda de debates e comentários decepcionados de críticos e público.

“Amores Materialistas” foi lançado pela A24, produtora reconhecida por seu acervo cult e filmes voltados para um público mais intelectualizado, além de priorizar cineastas autorais e produções independentes. Filmado em Nova York e rodado em 35mm (proporcionando realismo, vivacidade e textura), o romance custou cerca de 20 milhões de dólares (baixo para os padrões hollywoodianos) e arrecadou aproximadamente 100 milhões no mundo, o que é admirável para um filme independente, mas não para o circuito mainstream.

Celine Song disse que o enredo foi inspirado por suas observações sobre o mercado de relacionamentos em Nova York. “Amores Materialistas” me lembra bastante “Alguém Como Você”, comédia romântica dos anos 2000 estrelada por Ashley Judd e Hugh Jackman, que aborda o romance entre uma colunista de relacionamentos e um cara mulherengo. Seu cinismo com relacionamentos foi despertado após levar um fora de Ray (Greg Kinnear), alguém que parecia “perfeito” para ela. Há uma discussão nessa comédia sobre os perfis e comportamentos de homens e mulheres em relações românticas, assim como ocorre em “Amores Materialistas”.

No filme de Celine Song, Dakota Johnson é Lucy, uma casamenteira que se orgulha de ter o ‘feeling’ perfeito para casais ideais. No casamento de uma de suas clientes, ela conhece o irmão da noiva, Harry (Pascal), um ricaço do mercado financeiro, bonitão, inteligente, educado e simpático: o chamado “unicórnio” nos relacionamentos, o homem ideal. Ele se interessa por ela, a chama para sair e tem intenções sérias com Lucy. Mas, cética e com uma visão experiente dos relacionamentos, ela não entende como alguém como ele poderia se interessar por ela, uma mulher de 35 anos, de classe social mais baixa, com uma beleza dentro da média, mas nada espetacular. Harry a convence de que capital pessoal é muito mais do que bens materiais e físicos, mas também atributos interiores, como inteligência emocional, conhecimentos, experiência de vida, maturidade, beleza interior.

Apesar dos encontros perfeitos com Harry, Lucy ainda tem sentimentos pelo ex-namorado, John (Evans), um homem de 37 anos que persegue a carreira de ator, divide um cubículo em Manhattan com outros dois homens, tem um carro velho e trabalha de bicos enquanto a carreira artística não decola. John também ama Lucy, mas sabe que não tem condições para arcar financeiramente por um relacionamento com ela.

O longa de Song problematiza a mercantilização do desejo e do sentimento nos dias de hoje. Faz um debate público das relações, opondo homens de classes sociais diferentes e fazendo o público encarar os preconceitos de classe nas decisões românticas. Song foi acusada de romantizar a pobreza, mas rebateu afirmando que seu objetivo era criticar o capitalismo e não culpar indivíduos por suas condições financeiras. É perceptível, pelas festas de casamento demonstradas no filme, a quais classes sociais os casais pertencem e, com isso, Song aponta como os eventos servem para exibir e validar status. Embora venha vestido de comédia romântica, o longa se preocupa mais em fazer um recorte sociológico e ironizar a mercantilização do amor, o que, obviamente, fica desconfortável para quem prefere não encarar assuntos sérios e profundos.

Meu veredicto? ”Amores Materialistas” não é um comfort movie ou uma rom-com como muitas pessoas esperavam, e isso pode ser um tanto frustrante. Imagine-se querendo um filme que vai alimentar suas fantasias e ilusões sobre o amor e se deparar com uma crítica social sobre a futilidade do casamento como instrumento de status e sobre o amor como um produto capitalizado. Realmente, nada agradável para quem odeia pensar.

Filme: Amores Materialistas
Diretor: Celine Song
Ano: 2025
Gênero: Comédia/Drama/Romance
Avaliação: 8/10 1 1
★★★★★★★★★★
Fer Kalaoun

Fer Kalaoun é editora na Revista Bula e repórter especializada em jornalismo cultural, audiovisual e político desde 2014. Estudante de História no Instituto Federal de Goiás (IFG), traz uma perspectiva crítica e contextualizada aos seus textos. Já passou por grandes veículos de comunicação de Goiás, incluindo Rádio CBN, Jornal O Popular, Jornal Opção e Rádio Sagres, onde apresentou o quadro Cinemateca Sagres.