A entrada de quatro filmes frequentemente citados em rankings históricos no catálogo da Netflix nesta semana coincide com a expansão de ofertas e a reordenação de acervos pelas plataformas. Reunidos, os filmes organizam um eixo que conecta a Nova Hollywood dos anos 1970 a um drama de estrada do século 21 e a uma ação pós-apocalíptica dos anos 2010, com predomínio de produção norte-americana e participação australiana.
Nesta seleção, o leitor encontrará filmes de drama, ação e aventura, distribuídos por diferentes décadas e origens. O recorte considera a recorrência desses filmes em pesquisas e listas internacionais e a oportunidade de vê-los em sequência, o que favorece comparações de procedimentos de direção, montagem, desenho sonoro e uso do espaço. Não há detalhamento de enredos; o foco é como cada conjunto de filmes se relaciona com contextos de produção, debate crítico e circulação.
O objetivo é oferecer um ponto de partida claro: por queesses filmes aparecem de forma constante em repertórios, como dialogam entre si e de que maneira a disponibilidade simultânea na plataforma facilita uma leitura conectada de temas, estratégias narrativas e transformações técnicas.

Num futuro desértico, recursos básicos como água e combustível tornaram-se mercadorias controladas por líderes tirânicos. Um guerreiro solitário é capturado por seguidores de um desses chefes e acaba envolvido na fuga de um grupo de mulheres mantidas como reprodutoras. A escolta dessa caravana é liderada por uma imperatriz que se volta contra seu próprio senhor, guiando as fugitivas em direção a um lugar mítico de refúgio. O caminho, percorrido em veículos adaptados para combate, se torna palco de perseguições explosivas. A tensão cresce a cada emboscada, revelando tanto a força coletiva das fugitivas quanto a habilidade estratégica de seus protetores. O clímax é marcado por confronto direto contra o tirano e seus exércitos, numa tentativa de retomar controle sobre a cidadela e redistribuir recursos escassos. O enredo equilibra ação contínua e a busca por sobrevivência em ambiente devastado.

Um jovem de classe média alta, recém-formado, decide abandonar perspectivas profissionais e cortar laços familiares para buscar uma vida em contato direto com o mundo natural. Com o pouco que carrega, doa suas economias e parte em viagem pelos Estados Unidos. Ao longo do percurso, encontra viajantes, famílias alternativas e pessoas solitárias que o marcam com gestos e conselhos. Cada parada representa uma tentativa de descobrir sentido fora da lógica de consumo e expectativas sociais. O objetivo final é chegar ao Alasca, onde pretende viver em autossuficiência, dependendo apenas da caça, da coleta e dos recursos disponíveis. A caminhada até esse destino revela tanto a vitalidade da busca quanto os riscos de uma ruptura radical. Ao alcançar a cabana abandonada onde decide se instalar, a experiência se torna cada vez mais árdua, marcada pela solidão, pela escassez de alimentos e pela dificuldade de lidar com a natureza em condições extremas. O confronto entre ideal e realidade cresce até o limite, quando a sobrevivência mostra que a vida isolada exige mais do que desejo e coragem.

A narrativa acompanha em paralelo a juventude do patriarca que emigra da Sicília para os Estados Unidos e a consolidação de poder do filho que herdou seus negócios. No passado, vemos um jovem órfão encontrar meios de ascensão dentro da comunidade ítalo-americana, primeiro com pequenos furtos e depois estabelecendo sua própria rede de influência. No presente, o herdeiro administra o império familiar nos anos 1950, expandindo operações para Las Vegas e Cuba, enquanto enfrenta traições internas e investigações federais. O contraste entre os dois eixos temporais mostra tanto a fundação do clã quanto o endurecimento do sucessor. Cada escolha de confiança, cada pacto quebrado e cada ato de violência amplia a distância entre família de sangue e negócios. O retrato final expõe a solidão de quem sacrifica laços pessoais em nome da permanência do poder.

Em meados da década de 1940, uma poderosa família ítalo-americana atua como uma das principais organizações criminosas de Nova York. O patriarca conduz negócios com firmeza, equilibrando tradição, alianças e negociações violentas. A chegada da guerra e a disputa com outras famílias aumentam tensões que se transformam em ataques diretos. Nesse contexto, o filho mais novo, até então afastado do submundo e com planos independentes, é gradualmente atraído pela necessidade de defender os seus. Sua trajetória marca uma transição decisiva: de herdeiro relutante a sucessor frio e calculista. Cada gesto de violência, cada negociação e cada recusa consolidam o processo que transforma a estrutura de poder do clã. A história revela tanto a intimidade familiar quanto a engrenagem impiedosa de alianças, traições e mortes que sustentam a organização.