Os 10 suspenses mais importantes da história do cinema Divulgação / Paramount Pictures

Os 10 suspenses mais importantes da história do cinema

Muito mais do que uma receita criada para capturar a atenção do público, o suspense é uma escola, na qual cineastas e roteiristas exploram os recursos de que dispõem para provocar expectativa e surpresa. A importância do suspense na história do cinema não reside só no impacto de alguns filmes sobre a cultura pop, mas também na maneira como o gênero contribuiu para a evolução da linguagem cinematográfica, tornando-se uma referência de inventividade narrativa e sofisticação estética. O suspense tem raízes em outras formas de manifestação artística, como a literatura de mistério e o teatro, mas foi no cinema que encontrou a plenitude. A natureza essencialmente visual dos filmes potencializa a tensão dramática. Um corte brusco, a câmera que aproxima-se devagar, o silêncio que antecede um grito: tudo pode ser usado para assustar a plateia. Desse modo, o suspense é fundamental para revelar a força de tramas que, sob outra abordagem, não fariam sentido.

Um dos nomes mais associados ao gênero é Alfred Hitchcock (1899-1980). A contribuição do Mestre do Suspense é incontornável. “Os Pássaros” (1963), “Psicose” (1960), “Um Corpo que Cai” (1958) e “Janela Indiscreta” (1954) são alguns exemplos de como o diretor não apenas compôs uma obra instigadora e perene, mas soube também primar pela ousadia, mostrando que a forma é tão relevante quanto o conteúdo. A famosa cena do chuveiro em “Psicose” virou um marco não tanto pelo terror, mas pelo ritmo da edição e pelo jeito de sugerir mais do que se vê. Foi por meio do suspense que cristalizou-se a ideia de que o cinema podia (e devia) mirar os aspectos mais lúgubres da condição humana, destrinchando paranoias, culpas, obsessões. Nesses casos, o suspense ultrapassa o entretenimento e acende o debate sobre questões morais.

O suspense manipula emoções, joga com o desejo, fomenta o pânico e excita o prazer da revelação. Assistir a um filme de suspense é embrenhar-se por um caminho incerto — e nos melhores deles, não se volta. Essa é uma das razões que explica a popularidade do gênero, um celeiro das cabeças mais iluminadas do cinema desde sua invenção, em 28 de dezembro de 1895. Hitchcock é, como não poderia ser de outra forma, o destaque dessa lista, com dez dos suspenses mais célebres já levados à tela grande, mas deixa espaço para Roman Polanski, Michael Mann, Jonathan Demme (1944-2017), David Fincher e os Irmãos Coen, numa prova irrefutável de que a arte cinematográfica também é feita de espanto.

Giancarlo Galdino

Depois de sonhos frustrados com uma carreira de correspondente de guerra à Winston Churchill e Ernest Hemingway, Giancarlo Galdino aceitou o limão da vida e por quinze anos trabalhou com o azedume da assessoria de políticos e burocratas em geral. Graduado em jornalismo e com alguns cursos de especialização em cinema na bagagem, desde 1º de junho de 2021, entretanto, consegue valer-se deste espaço para expressar seus conhecimentos sobre filmes, literatura, comportamento e, por que não?, política, tudo mediado por sua grande paixão, a filosofia, a ciência das ciências. Que Deus conserve.