Transtornos psicológicos são realmente assustadores na vida real. Nos fazem duvidar da nossa sanidade, ter medos irracionais e nos isolar. Embora sejam muito comuns, sempre nos sentimos sozinhos com as dores emocionais que carregamos, incompreendidos, até. Mas o cinema, essa arte incrível, vem para nos mostrar que tudo isso que sentimos é compartilhado. Outros viveram e viverão. Não estamos sós. Além disso, o cinema tem a capacidade de fazer o público geral sentir o pavor, a incompreensão e o isolamento de quem sofre com esses transtornos.
Mas não só isso, o cinema torna tudo ainda mais interessante do que realmente é. Cria fantasias, algumas fantásticas e outras absurdas e aterradoras, para demonstrar o poder da mente. As câmeras invadem espaços íntimos para revelar aquilo que é invisível. Freud, Jung e Lacan influenciaram inúmeras obras cinematográficas e, por meio dos estudos desses importantes nomes, surgiram narrativas e personagens que mostram que o perigo está na mente, na memória e na ambiguidade dos seres humanos.
Narrativas que embaralham realidade e ilusão, apresentam protagonistas nada confiáveis, trazem flashbacks distorcidos e exploram a paranoia vão criando um clima denso e desconfortável, mas que nos fascina, porque nos obriga a olhar para dentro de nós mesmos. Nesta lista, trouxemos algumas obras que vão te deixar hipnotizado.

Na década de 1960, Eileen trabalha em uma penitenciária masculina nos arredores de Boston. A vida é opaca: ela vive com o pai alcoólatra e reprime seus desejos mais profundos. Quando Rebecca, a nova psicóloga da prisão, chega com charme, inteligência e uma aura de mistério, Eileen é atraída como mariposa à luz. O que começa como uma amizade ambígua e fascinante logo se transforma em um jogo perigoso de manipulação, desejo e revelações obscuras. A atmosfera é densa, sensual e perturbadora — como se Patricia Highsmith tivesse escrito um drama feminino com toques de horror psicológico. Nada aqui é o que parece, e a transformação de Eileen é tão imprevisível quanto perturbadora.

Alice Gould, uma investigadora particular brilhante e refinada, finge ter paranoia para se infiltrar em um hospital psiquiátrico e investigar a misteriosa morte de um paciente. Mas, uma vez lá dentro, começa a perder o controle sobre a própria narrativa. Ela é mesmo uma detetive? Ou uma paciente profundamente iludida? Baseado no romance de Torcuato Luca de Tena, o filme costura tensão e ambiguidade em cada cena, com uma protagonista magnética e uma sucessão de reviravoltas que desafiam o espectador a duvidar da própria percepção. Um thriller psicológico que transforma a mente humana em território de guerra e dúvida.

Thomas acorda de um coma sem lembrar o que aconteceu na noite em que toda sua família foi assassinada. Isolado em uma clínica psiquiátrica, ele é acompanhado pela psicóloga Anna, que tenta reconstruir os fatos junto a ele, fragmento por fragmento. À medida que memórias vêm à tona, o que parecia uma busca por respostas se transforma em um jogo de sombras, onde a culpa, o trauma e a verdade se embaralham perigosamente. Baseado em uma graphic novel francesa, o filme constrói um mistério denso e melancólico, onde cada lembrança pode ser uma pista… ou uma armadilha.

Em 1830, um detetive veterano, Augustus Landor, é chamado para investigar um assassinato brutal na Academia Militar de West Point. Para decifrar o caso, ele conta com a ajuda de um jovem cadete excêntrico: Edgar Allan Poe. O filme mergulha em uma atmosfera gótica e silenciosa, onde cada gesto esconde um segredo e cada rosto sugere uma tragédia. Inspirado na ficção histórica de Louis Bayard, a narrativa brinca com o estilo e os temas do próprio Poe, morte, culpa, simbolismo, enquanto constrói um thriller melancólico, com um final sombrio que ressignifica toda a história.

Jenn é uma jovem em crise após um término conturbado e uma sequência de inseguranças que afetam sua autoestima e sua vida profissional. Ao aceitar a recomendação de uma amiga para fazer terapia alternativa, ela passa a consultar o misterioso Dr. Meade, um hipnoterapeuta que logo se mostra mais controlador do que confiável. À medida que as sessões avançam, Jenn começa a ter lapsos de memória, episódios de confusão mental e uma sensação crescente de que está sendo manipulada por forças invisíveis — ou pior, conduzida para um destino que não escolheu. O filme mistura suspense psicológico com elementos de terror, colocando em xeque a confiança entre médico e paciente e revelando como a mente pode ser tanto abrigo quanto armadilha.

Abe Lucas é um professor de filosofia em crise existencial: alcoólatra, desmotivado e emocionalmente entorpecido. Ao assumir um cargo numa universidade, atrai a atenção de duas mulheres, uma colega e uma aluna, Jill, mas nada parece tirá-lo de sua apatia. Tudo muda quando, por acaso, ele ouve uma conversa em um restaurante e concebe a ideia de cometer um assassinato “justificado”. A partir daí, Abe encontra um novo propósito de vida, como se finalmente tivesse alcançado um sentido prático para suas teorias niilistas. O filme brinca com o suspense moral e flerta com Dostoiévski, mas envolve o espectador principalmente pela tensão crescente entre a sedução do crime e a inevitabilidade de suas consequências.