6 livros brasileiros tão chatos que deveriam ser aplicados como pena por crime grave

6 livros brasileiros tão chatos que deveriam ser aplicados como pena por crime grave

A verdade é que há livros que não foram feitos para serem lidos — foram arquitetados como provações. Não no sentido épico ou metafórico, mas como quem constrói uma maratona sem linha de chegada. Livros que se impõem como monumentos intransitáveis: grandes demais para caber no gosto, lentos demais para caber no tempo. E, no entanto, ali estão eles, reverenciados em currículos escolares, citados por gente que nunca passou da introdução, empilhados como se fossem tijolos de uma identidade nacional construída a fórceps.

O problema não é a complexidade. Complexidade, quando bem servida, é banquete. O problema é a monotonia revestida de solenidade. É a adjetivação patriótica, a filosofia barata travestida de revelação, o enredo que se dissolve em delírio e a metáfora que escapa feito sabão molhado. É a sensação de estar numa sala trancada com um narrador que fala sem respirar — e ainda exige que você concorde, em silêncio.

Esses livros não pedem leitura: impõem vigília. Cada parágrafo é uma sentença (no sentido jurídico e gramatical), cada capítulo, um boletim de ocorrência contra a fluidez. Há, claro, quem os ame. Quem os defenda com argumentos sólidos, teses e lágrimas. Mas amor, sabemos, nem sempre é racional. E quando se trata dessas obras, o afeto muitas vezes nasce do trauma — de quem sobreviveu à travessia e quer contar vantagem.

Assim, se o sistema penal brasileiro quiser ousar em medidas alternativas, a literatura já oferece o material. Não faltam títulos capazes de transformar crimes leves em experiências redentoras por exaustão. Afinal, o que é uma pena de detenção comparada a três semanas tentando entender uma frase que não termina nunca? O que são 200 horas de serviço comunitário diante de uma narrativa que exige um dicionário, uma bússola e dois calmantes?

Justiça poética? Talvez. Ou só vingança mesmo. De um país que escreve com dor, e às vezes castiga com literatura.