5 livros que eu gostaria de desler

5 livros que eu gostaria de desler

Alguns livros nos marcam pela beleza; outros pela falha. Não a falha tola, do autor inexperiente ou da edição apressada — mas aquela que nos desconcerta justamente por vir de quem já escreveu obras altas, fundas, inesquecíveis. Há uma decepção mais silenciosa — quase triste — quando um livro menor nos encontra pelas mãos de um autor maior. Como se um pianista consagrado errasse a primeira nota. Talvez porque a expectativa não seja só uma antecipação estética, mas uma intimidade cultivada: confiamos no autor como se fosse um amigo de longas cartas. Esperamos que ele nos salve do tédio, da pressa, do mundo. E quando não salva — quando entrega apenas um esboço, uma ideia pela metade, uma repetição sem frescor — não resta indignação, mas o desejo de esquecer. Ou, em termos mais sentimentais: o desejo de desler.

Há livros que lemos como quem se retrai. A linguagem vem, mas não toca. O estilo é polido, mas não aquece. A trama anda, mas não leva. São textos que falam a partir de uma inteligência reconhecível, de um domínio formal indiscutível — e, ainda assim, nos escapam como uma conversa educada demais. A polidez literária também pode ser uma forma de afastamento.

É claro que nem toda obra precisa arrebatar. Autores, como pessoas, têm seus dias tímidos, suas hesitações, seus escritos de silêncio. Mas quando esses livros circulam com pompa, com selo, com a promessa da grandeza — e não entregam nada além de um eco do que já foi —, é inevitável essa leve mágoa. E ela não vem do fracasso. Vem do afeto.

É por isso que há livros que merecem respeito, sim, mas também um lugar discreto na estante. Não porque sejam ruins. Mas porque doeram menos do que deveriam. Ou porque passaram sem deixar sinal. Ou porque, em silêncio, nos fizeram desejar aquilo que só a literatura mal resolvida provoca: não a vontade de ler mais, mas de nunca ter começado.