Leu e se arrependeu: os 5 livros brasileiros que traumatizaram gerações

Leu e se arrependeu: os 5 livros brasileiros que traumatizaram gerações

Todo mundo tem um trauma literário. Alguns vêm em forma de fábulas infantis mal contadas, outros aparecem disfarçados de clássicos nacionais com título de monumento — e peso de monumento também. Mas os mais marcantes, os que permanecem no fundo da memória como uma ressaca sem cura, são aqueles livros obrigatórios, lidos com a faca do vestibular encostada no pescoço e o marcador de texto tremendo na mão.

Dizem que a literatura salva. Talvez salve, sim. Mas antes, ela assusta, cansa, confunde e cobra caro por cada metáfora. Principalmente quando você tem 15 anos, uma apostila mal diagramada e uma professora com ar de quem já leu tudo — e odiou metade.

Ninguém pergunta se você está preparado para interpretar 40 páginas de frase única. Ou para aceitar que o amor pode ser resolvido com um dote e um contrato. Que a indígena morre porque o Brasil precisava nascer. Que a elite urbana de 1935 já era tão vazia quanto a de hoje, mas com mais adjetivos e menos memes.

Ler, nesses casos, virou sinônimo de carregar pedra. Não por culpa dos livros — muitos são, de fato, obras-primas. Mas pelo tempo errado, pela obrigação certa demais, pela sensação de que todo mundo entendeu menos você. E depois veio a prova, o gabarito, a análise estrutural. Nada sobre a angústia de não aguentar mais ver o nome “Iracema” e imaginar tupi-guarani em câmera lenta.

Os livros traumatizaram gerações não por serem ruins, mas por terem sido oferecidos como punição estética. Uma penitência intelectual travestida de formação cultural. A gente aprendeu a admirar sem gostar. A respeitar sem lembrar. A decorar, sublinhar e esquecer.

E aí está o milagre: apesar de tudo, seguimos lendo. Talvez por teimosia. Talvez porque, entre um parágrafo e outro, a beleza resista — mesmo quando vem com cheiro de mofo escolar e vocabulário de século 19.