O top 4 do clubinho dos medíocres literários

O top 4 do clubinho dos medíocres literários

Há uma forma de mediocridade que passa despercebida — e talvez por isso seja tão persistente. Não grita, não desafina, não comete grandes erros. Ao contrário: ela é polida, elegante, confortável. Vive no lugar onde tudo parece certo demais para ser questionado. É a literatura que não incomoda. Que emociona de modo previsível, que ensina sem arriscar, que se esconde atrás da beleza como quem teme ser confrontado. A mediocridade literária não é o fracasso. É o sucesso que não arde.

Esses livros caminham com passos ensaiados, como quem sabe exatamente onde o leitor quer chorar. Construídos com minúcia emocional, eles entregam empatia pronta, poesia sem carne, dor editada. São romances que vendem o sofrimento como catarse estética, narrativas espirituais que transformam desigualdade em problema de atitude, tramas que substituem dilemas morais por slogans de superação. Nada falta — exceto o que não pode ser fabricado. Falta o risco. Falta o espanto. Falta a voz.

O leitor, às vezes, nem percebe. Termina o livro com a impressão de que algo se moveu — mas o que se moveu foi só o reflexo da própria expectativa. A escrita parece inteligente, as frases são sublinháveis, os personagens têm dilemas que cabem em diálogos de série. Mas não há atrito, não há ambiguidade, não há carne. São textos que se comportam bem demais. Que agradam demais. Que passam por literatura porque foram desenhados para isso.

E talvez seja por isso que esses livros vendem tanto. São espelhos sem sombra, bússolas que apontam sempre para a segurança emocional. Mas a boa literatura — a que sobrevive, a que inquieta, a que forma leitores e não apenas fãs — nunca foi feita para confortar. Ela rasga. Ela atrapalha. Ela recusa. E diante disso, certas obras tão perfeitas, tão queridas, tão lidas… se revelam ocas. Como um eco que soa bonito, mas não vem de lugar nenhum.