5 livros que fariam Deus pedir um advogado — nem todo autor tem medo do céu

5 livros que fariam Deus pedir um advogado — nem todo autor tem medo do céu

Há quem diga que certos livros são perigosos. Mas o que dizer de um livro que incomoda até Deus? Não o Deus de velas e promessas, mas aquele mais antigo, que sussurra entre as páginas, que aparece e desaparece conforme o silêncio da linguagem. Alguns autores souberam olhá-lo sem desviar os olhos — ou talvez, sem pedir permissão. Não por arrogância, mas por sobrevivência. Porque em algumas histórias, é o próprio sagrado que precisa ser interrogado com a mesma severidade com que julgou.

Escrever sobre Deus não é tarefa de profetas, mas de insolentes. Quem se curva diante da verdade revelada escreve orações. Quem desconfia, escreve literatura. É esse segundo grupo que interessa aqui. Os que não aceitaram a narrativa oficial. Os que perceberam, cedo demais, que fé sem dúvida é só obediência com verniz. Alguns deles provocam; outros, apenas perguntam. E há os que escrevem como quem faz justiça — ainda que poética, ainda que impossível.

Esses livros não têm a intenção de destruir o divino. Ao contrário, talvez sejam uma forma desesperada de mantê-lo vivo. Mas vivo de verdade — com suas contradições, sua crueldade, sua beleza impronunciável. E se Deus pede um advogado, talvez não seja por ter sido ofendido, mas por saber que esses textos expõem mais do que negam. Mostram o abismo entre o Criador e sua criatura com a nitidez que só a linguagem permite.

Cada autor desses construiu sua heresia como quem escreve uma carta a um pai ausente: cheia de mágoa, mas ainda esperando resposta. É nessa tensão que essas obras respiram. Nem dogma, nem desdém. Apenas a convicção íntima de que, se existe um Deus, ele há de aguentar ser lido sem reverência. Porque o contrário disso seria covardia. E, como se sabe, não é a dúvida que mata a fé — é o medo de fazer as perguntas certas.