5 livros de coach para quem vive se perdendo — mas sempre quer te mostrar o caminho

5 livros de coach para quem vive se perdendo — mas sempre quer te mostrar o caminho

Eles aparecem nas reuniões, nos reels, nos intervalos entre um colapso e outro. Falam com a convicção de quem nunca errou. Os olhos arregalados de certeza, o queixo levemente projetado para frente — postura de quem já venceu por dentro. E então ensinam. Ensinam como respirar melhor, pensar certo, agir rápido, acordar às cinco, vencer a si mesmo, amar com propósito, falhar com gratidão. São os cartógrafos da subjetividade alheia: convencidos de que o mundo é um tabuleiro limpo, bastando um bom manual e disposição para jogar.

Acreditam no poder da mente como se fosse um tipo de divindade particular — infalível, expansiva, meritocrática. Para eles, o universo recompensa os que visualizam metas com fé, como se o destino atendesse melhor a quem grita mais alto diante do espelho. E, curiosamente, sempre há uma fórmula. Um plano em etapas, uma técnica com nome em inglês, uma revelação que mistura neurociência com sabedoria ancestral. É autoajuda gourmet: com verniz editorial, jargões importados e promessas embaladas como mandamentos.

Mas o que realmente vendem — isso sim — é alívio. A ideia reconfortante de que basta mudar o mindset para que tudo mude junto. Que a dor é opcional. Que a falência emocional é, no fundo, preguiça de planejar. E que, se você ainda está tropeçando, é porque não aprendeu a correr com os olhos fechados.

Há algo de triste nisso tudo. Uma solidão disfarçada de performance, uma angústia que veste terno e fala em voz de rádio. Porque no fundo, quem mais precisa de um mapa é justamente quem insiste em oferecer caminhos prontos. Não para chegar — mas para não admitir que também está perdido.

Sim. Esses livros guiam. Só não está claro para onde.